sexta-feira, dezembro 31, 2010

2011 -- Alguma previsão positiva?

Quando cheguei do escritório anteontem, perguntei a Abbie, "O que queres ouvir primeiro: as boas ou as más notícias?" Como ela nunca responde a esta pergunta, dei-lhe as más notícias: "Não há boas notícias."

Primeiro, recebi confirmação de que há 9 anos tenho declarado mal às autoridades portuguesas o meu salário do consulado. As consequências especificas ainda são incertas, mas neste tempo de crise em Portugal, quaisquer que sejam as consequências, só podem implicar um golpe forte de mais impostos, acrescidos de juros e coimas.

Há uma lição nesta história. Tenho sempre entregue as declarações de acordo com as orientações de peritos em assuntos fiscais em matéria da convenção para evitar dupla tributação. Na semana passada recebi confirmação de que estava a proceder correctamente. Quando estava no processo de escrever uma carta a DGCI (departamento fiscal português) e fui citar o artigo da convenção para sustentar a minha posição, conforme informação acabada de receber do tal perito em assuntos fiscais, também li a alínea a seguir. Até agora, todos me citavam as regras contidas na lei até alínea (b)(i) do parágrafo 1 do Art. 21. Mas quando li alínea (b)(ii), parei de escrever, deitei a mensagem no lixo, e contactei o meu amigo conselheiro. Quando chamei a sua atenção a isso, ele imediatamente concordou que "Tens um problema, sim!", desculpando-se por não ter se apercebido de todos os factos que afectam a minha classificação de contribuinte. Moral da história: antes de apregoar em alto e bom som alguma doutrina como fundamental e inviolável baseada num versículo da Bíblia, tenha o cuidado de ler os versículos que antecedem e o que vem a seguir. Não só vai sentir-se obrigado a baixar o volume, mas talvez tenha que mudar a mensagem. Sei que a minha próxima comunicação com a DGCI não vai ser nada como aquela que estava em vias de enviar.

Assim foi o começo. Depois fui levantar o medicamento de coração que o médico receita há muitos anos para Abbie. Depois de passar em 6 farmácias no Funchal, e ouvir a mesma história em todas, concluí que deve ser verdade: o tal medicamento está esgotado no mercado e o distribuidor nem sabe quando vai haver mais. Foi sugerido procurar em farmácias fora da cidade, que talvez pudesse encontrar uma caixa.

A meio caminho para casa, parei numa farmácia numa vila pequena e a resposta era a mesma. Talvez um genérico? foi a sugestão. O que todos diziam era que Abbie não devia/não podia parar com o medicamento. Segui para casa com o número de telefone do médico na algibeira. No último caso, o médico teria de passar nova receita para outro medicamento.

Para completar a manhã deste dia chuvoso, o guarda-chuva partiu. Não havia boas notícias, mesmo.

Restava uma última opção: a farmácia em Santa Cruz, onde vivemos. A funcionária foi procurar o medicamento e voltou de mãos vazias, e acrescentou, "Para este medicamento, não há genérico exactamente equivalente." Eu comecei a pensar em ligar para o médico, quando o farmacéutico veio do seu escritório com um pacote: um saco com o nome de Abbie escrito nele. Dentro estava uma caixa de tal medicamento esgotado. "É para a senhora. Temos guardado isso para si."

Daí lembrámos que uma vez Abbie foi lá com uma receita para 2 caixas, e só havia uma. Pagámos as duas, e era para voltar na semana seguinte levantar a outra. Mas viajámos logo em seguida e esquecemo-nos. Agora, estávamos a ser presenteados com o medicamento que procurámos, e já estava pago! Quando chegámos em casa, fomos verificar a data do recibo para ver há quanto tempo o medicamento estava reservado para Abbie. Data do recibo: 23/03/10 - 9 meses!
Resta alguma dúvida de que Deus já prepara a provisão das nossas necessidades muito antes de termos consciência delas?

Não temos a mínima idéia daquilo que vamos enfrentar no ano 2011, mas Deus sabe, e para o Seu povo, Ele já tomou as devidas previdências para suprir todas as nossas necessidades.

sábado, dezembro 25, 2010

Mike

“Feliz Natal!”---“Bom Ano Novo!”
É nesta quadra e hoje, em especial, que estas frases voam de uma parte do mundo a outra em centenas, senão milhares, de línguas. Aparecem nos cartões de Natal, constituem o assunto de milhões de e-mails, e são proferidas mecanicamente a pessoas que mal conhecemos, ou nem conhecemos, sem termos a mínima idéia do que as faria felizes ou como elas definem "bom". A essência da condição humana, porém, não reconhece nem respeita os tempos e estações que o homem criou artificialmente e consagrou naquilo que chamamos caledário. Neste dia, ao contrário das multidões que festejam, há inúmeras pessoas que passam tempos de tristeza.


Esta manhã, às 00h25, Mike Rogers abandonou a sua tenda terrestre e mudou-se para a sua casa no céu que não foi feita por mãos humanas. 2Cor 5:1-5 Para Debbie e a família, a alegria de qualquer Natal no futuro será sempre ensombrada com a recordação da sua perda neste dia.

Já escrevi sobre Mike (aqui, aqui, e aqui) quando o seu linfoma non-Hodgkins foi descoberto há 4 anos atrás. Desde então até esta manhã, houve uma batalha entre os médicos de um lado e a doença maligna do outro, e o corpo de Mike foi o campo de batalha. Na semana passada, quando ouvimos que Mike estava a ser transferido de Califórnia até Colorado para poder estar perto dos filhos e netos, era evidente que a batalha estava a chegar ao fim. Tenho passado mais tempo para recordar tudo que Mike e Debbie significam para nós.

Tanto a família de Mike como a de Debbie eram missionários no Brasil (e os pais de Mike foram depois para o Paraguai e Chile). Como missionários, as suas famílias visitavam as igrejas onde eu e Abbie crescemos como crianças e adolescentes. O meu pai teria dito que, “nós quatro crescemos juntos em lugares distantes uns dos outros.” Casámos mais ou menos na mesma altura, e depois, cada casal teve quatro filhos, também mais ou menos nas mesmas alturas.

Trocámos posições. Mike e Debbie em adulto saíram do campo missionário, e fizeram a sua vida nos EUA. Nós saímos dos EUA e fizemos a nossa vida no campo missionário no Brasil e depois na Madeira. Mas continuámos a crescer juntos em lugares bem distantes.

Uma relação especial

De facto, nos últimos 10 anos especialmente, temos visto Mike e Debbie muito pouco, mas ao recordar os anos que nos conhecemos uns aos outros, percebi que Mike estava envolvido nos pontos cruciais do nosso ministério. Como alguns diriam, os nossos destinos estavam entrelaçados.

No princípio dos anos 70, quando estávamos no Brasil, foi a igreja em Arkansas onde Mike era pastor que levantou os fundos para que pudéssemos comprar um carro. Até então, estávamos dependentes de outros para as nossas deslocações.

Em 1977, quando nos vimos obrigados a comprar uma casa para poder continuar na Madeira e trabalhar, foi a igreja em Kentucky onde Mike era pastor que era responsável por mais de 35% dos fundos levantados para comprarmos uma casa, a casa que ainda hoje habitamos.

Em 2000, como resultado dos ensinos de Mike na nossa igreja no Colorado, perdemos todo o restante apoio financeiro das igrejas que nos tinham apoiado durante quase 30 anos. Mike demitiu-se daquela igreja por princípios doutrinários, e nosso apoio foi cortado em consequência dessa disputa, pois, entretanto, eu também cheguei a aceitar com Mike posições que não estavam de acordo com os ensinos que tínhamos recebido por tradição das igrejas em que fomos criados. Eu agradeço publicamente ao Senhor pelo papel do Mike neste fase do meu crescimento espiritual e o da nossa igreja aqui.

Irmão-Amigo

Eu e Mike sempre concordávamos? Não. Fomos sempre amigos? Sim. Cheguei a perceber que tenho amigos que não são irmãos, e irmãos que nem sempre são amigos. Mike era tanto um, como outro. Por sermos irmãos no Senhor, compartilhámos um amor pelo Senhor e pela Sua palavra; por sermos amigos, não era preciso estar de acordo em todos os pontos de interpretação da Bíblia ou em todas as decisões tomadas.

Mike veio à Madeira duas vezes, uma vez sozinho no início dos anos 80, e uma segunda vez no final dos anos 90 com Debbie. Durante a sua primeira visita, depois de relatar detalhadmente como Deus nos chamou à Madeira, ele olhou para mim e disse, mais ou menos nestes termos, “Essa é uma história que não aceitaria de mais ninguém; mas quando tu contas a história, eu te respeito.” Ele explicou porque ele normalmente não respeitaria alguém a contar uma história semelhante, e embora que senti-me com toda a razão em defender a minha posição, eu aprendi umas verdades importantes através daquilo que ele me disse durante o almoço nesse dia.

E foi assim sempre que os nossos caminhos cruzaram. Por sermos almas gêmeas, concordámos em quase tudo, mas quando não acordámos num ponto de doutrina ou nalgum curso de acção, soubemos ouvir um ao outro com respeito e amizade.

Falo por mim mesmo. Se Abbie fosse acrescentar aqui os seus pensamentos, eu sei o que ela diria. Ele e Debbie são também almas gêmeas. Além das duas serem mães exemplares que cada uma criou quatro filhos que amam e servem ao Senhor Jesus, as semelhanças entre seus talentos nos campos de música e artes decorativas são inexplicáveis.

Hoje Debbie e a sua família estão entristecidas. Oramos por eles e nos entristecemos com eles, mas não como aqueles que choram sem esperança. Todas as nossas vidas, temos estado a crescer juntos com eles em lugares distintos e distantes; fisicamente, Mike agora está mais distante do que estava antes. Mas isso é provisório; no Seu tempo, o Senhor chamará cada um de nós, e não haverá mais distância.

domingo, dezembro 05, 2010

O novo neto...

...mas sabíamos há muito tempo que seria um rapaz. O filho de Joy e Mark, Finnian Jude Stoner, nasceu 6ª-feira à noite (em Arkansas). Ou seja "no meio do meu sono na manhã de Sábado" onde nós moramos. Quando o telefone tocou às 5:30 Sábado, eu disse a Abbie enquanto ía à sala atender a chamada, "Vais ver que és avó outra vez." E tinha razão. Finn nasceu havia duas horas (que por acaso eu estava acordado por volta dessa hora). Falámos com Joy durante 30 minutos, tempo suficiente para saber que, se de acordo com algumas lendas, na mangedoura o Menino Jesus não chorava, isto quer dizer que Finn decididamente não é o Menino Jesus, pois dava para ouví-lo deste lado do Atlântico. Não sei o que ele queria, mas ele o queria com o volume no máximo.

Tudo correu bem para mãe e filho (e pai também, supomos). Estamos muito gratos ao Senhor por Seu cuidado sobre eles. Se está interessado em mais pormenores e fotos, clique aqui para aceder ao blog de Joy e Mark.

Lamento não ter escrito mais nada desde AGOSTO!!??? Houve uma viagem neste intervalo, e muito trabalho. Claro, com a aproximação de Natal e a cantata (este ano cantada uma vez em Português e outra em Inglês), sentimos que estamos nos limites muitas vezes. Vou ver se consigo preenchar algumas das lacunas nas notícias dos últimos meses. A esta hora, depois de um dia todo na igreja, a maior lacuna parece estar na minha cabeça.

segunda-feira, agosto 23, 2010

Ir à bruxa

Este fim de semana fez 6 meses que o temporal fez tanto estrago na Madeira. Hoje, quem visita o Funchal provavelmente nem percebe a gravidade da tragédia; o facto de que muitos negócios não reabriram não ressalta à vista. Quem entra pela serra, porém, logo repara que muita coisa danificada ainda continua inalterada. A nossa igreja recebeu cerca de €7000 para ajudar vítimas. Nosso pensamento foi ajudar famílias repor os móveis e electrodomésticos perdidos. O que estamos a verificar é que muitas destas famílias ainda não conseguiram reconstruir as suas casas. Enquanto não receberem ajuda do Estado para isso, não têm lugar nem necessidade de móveis e electrodomésticos. Estamos a seguir de perto o caso de duas famílias. (Na nossa igreja, Irmã Fernanda beneficiou de €400 para reparar o chão da sua casa. Oferecemos fazer mais, mas ela insistiu que o que foi feito foi suficiente e que não queria entrar em obras maiores.)

O temporal foi um golpe duro no turismo, que já estava a sofrer devido à crise económica. A Madeira já perdeu muitos milhões de euros este ano.

Primeiro as águas, depois o fogo...

Na semana de 12 de Agosto, a serra da Madeira pegou fogo. Quem olha para a serra em volta do Funchal agora, vê tudo preto em cima, onde era verde. Mais em baixo, já na área de floresta, as ávores ainda estão em pé, mas há uma linha muito nítida onde as folhas verdes se tornam castanhas. Não resta dúvidas sobre até que ponto chegaram os incêndios.

O Diário de Notícias do Funchal publicou a foto tirada do espaço pela NASA, mostrando os incêndios do dia 13 de Agosto. Dizer que a situação está preta na Madeira não é só linguagem figurativa.

Ontem, no Porto Santo, durante um comício político, uma palmeira de grande porte caiu sobre o povo que assistia os discursos. Uma senhora morreu esmagada; outras pessoas ficaram feridas e estão no hospital. O comício foi cancelado, claro. O Presidente do Governo Regional, nos seus comentários, disse o seguinte:

"2010 é um ano em que temos de ir à bruxa. Com tudo o que vem sucedendo no arquipélago em 2010, rezem para que este ano acabe depressa."

Se bem que a sua referência de "ir à bruxa" pode ser entendido como um desabafo comum que as pessoas dizem quando as coisas vão mal, a verdade é que feitiçaria não é tão rara aqui. Durante as obras de remodelação da nossa casa, fomos informados que a vizinha tinha recorrido à bruxa para fazer "uma obra" contra nós, para que o trabalho nunca fosse terminado e que os trabalhadores se magoássem. Nenhum trabalhador foi magoado, mas eu por pouco não parti uma perna. O que poderia ter sido um grave problema deixou-me meio cambado durante um mês e tal. E a obra sempre foi feita. A feitiçaria não tem poder contra Deus e a Sua obra.

...ir à bruxa... Eu sei que muita gente não hesitaria em ir à bruxa; ouvi de muitos que vão; tenho a certeza que muitos tem ido.

domingo, agosto 22, 2010

Mais um casamento!

Isso mesmo! Dois casamentos numa só semana. Esta vez foi Débora e Gil que tiveram uma ceremónia religiosa. Foi em Março do ano passado que casaram no civil, como Sandra e Humberto no princípio desta semana. Débora sempre quis casar na igreja da sua família no Brasil, mas em fim viram que não tinham dinheiro para fazer isso, e aproveitaram a presença de alguns familiares do Gil que moram na França e estão aqui de férias para trocarem os votos perante Deus.

A ceremónia foi numa tenda no quintal de um hotel. Por um lado, sendo que os familiares de Gil são muito católicos, era provável não terem vindo a uma ceremónia na nossa igreja. Mesmo assim, Gil e Débora não sabiam como esses familiares iriam reagir a um culto evangélico. Uma senhora me confessou que este foi o primeiro serviço evangélico que ela alguma vez assistiu, e gostou da Palavra que ouviu. No final, Gil disse que a sua família ficou muito bem impressionada com o culto. Oremos que o testemunho da Palavra continue vivo entre estas pessoas através das vidas de Débora e Gil.



A música era de violino.

No final da ceremónia.

Débora e Gil com Kayla, que levou as alianças.

Militina, Abbie e Olga

quinta-feira, agosto 19, 2010

Últimas noticias--um casamento


Prometi actualizar algumas notícias dos últimos meses. Este casamento não está nesta categoria. Aconteceu esta semana. Sandra e Humberto casaram no registo civil na Segunda-feira, e a ceremônia na igreja será em Dezembro quando os pais da Sandra podem vir da Califórnia para estar presentes. Segundo ouvi,  Sandra e Humberto vão aproveitar férias nessa altura para visitar os pais dele em Ecuador.

O que significa este casamento? Por um lado, quer dizer que dois-terços do nosso ensemble de guitarras na igreja são marido e esposa.  Desejamos para eles muitos anos de bênçãos no serviço do Senhor.

sábado, agosto 14, 2010

36 horas

...o tempo entre a nossa partida de Gatwick ontem e a nossa aterragem hoje à noite às 10h no Funchal. (O voo directo entre os dois aeroportos leva pouco mais de 3 horas, de modo que devemos ter tomado o caminho mais longo.) A aterragem foi muito suave, e parece que tudo está em ordem aqui em casa. Que bom estar de volta!

Eu não disse?

18h00---Acabamos de ser informados que em vez de chegarmos no Funchal às 20h00, o nosso voo só estará a levantar voo a essa hora. (Será?) E como é óbvio, o voo das 19h00 está a sair na hora certa. Nos faz lembrar dos "bons velhos tempos" quando ficámos apanhados neste tipo de situações, ao viajar entre a ilha e o continente. De maneira que, já não estamos surpreendidos por tudo isso. Já sabíamos.

Estava enganado

No último post às 4h00 de manhã, terminei dizendo que esperava que não nos chamassem cedo. Engano meu. Às 7h15, só 2 hours e 15 minutos depois de eu ter ido para a cama, o telefone tocou, e fomos avisados que tínhamos 20 minutos para estar no lobby para apanhar o autocarro para o aeroporto.

Às 8h00 estávamos na bicha (com todos os outros passageiros retidos do nosso voo) a esperar pacientemente (??) a nossa vez para saber em que voo vamos seguir para o Funchal. Depois de 3h15m naquela fila, recebemos o resultado do sorteio: nós vamos no voo das 18h40, com chegada às 20h00 no Funchal. Talvez. Temos passado a tarde toda aqui na sala de embarque (são 17h00 agora) e os dois voos que partiram para a Madeira durante este período saíram com uma hora de atraso. Ou seja, chegaremos quando chegarmos em casa.

Entretanto, avisámos os irmãos para preparar os cultos amanhã como se nós não estivéssemos lá. E quem garante que vamos estar? Abbie está exausta depois destes dois dias de viagem (e o susto valente de ontem à noite), além de ter apanhado uma tosse naquele dia que choveu na Inglaterra. Talvez ela fique em casa amanhã. E se formos, estando presentes no corpo, será que estaremos com as nossas capacidades mentais a funcionar em pleno? Creio que pode haver quem ache que nunca estamos em pleno uso das nossas faculdades mentais, mesmo em condições normais, e uma coisa está certa: estes últimos dois dias não têm sido nada normais.

Em casa, quase -- só faltam 1000 km.

Foi ontem às 5h00 que nos levantámos para ir ao aeroporto de Gatwick para iniciar a nossa viagem para casa. O itinerário incluía voos Londres-Madrid-Lisboa-Funchal, e embora nenhum voo fosse longo, havia 5 horas entre voos em Madrid e mais 4 em Lisboa, de maneira que o nosso voo deveria chegar ao Funchal às 00H35, uns 19 horas depois de nos levantar.

Depois de viajar aquele caminho todo, chegámos a passar a menos de 1000 m da nossa casa (pois ela fica quase na linha de aproximação da pista). Com ventos cruzados, o avião chegou a balançar tanto que alguns dos passageiros estavam convencidos que seria a sua última aterragem. No voo Madrid-Lisboa, nós estávamos numa das últimas filas; felizmente neste estávamos sobre as asas, pois os gritos vinham lá de trás. Os assistentes a bordo até tinham que ajudar alguém lá atrás que passou mal. Já sobre a pista o piloto decidiu abortar a aterragem e anunciou que ia aguardar uns poucos minutos para ver se o vento acalmava. Se não, voltaríamos a Lisboa. Não acalmou. Nós regressámos.

São 4h00 e acabámos de chegar ao hotel. Aterrámos em Lisboa às 1h45 e levou esse tempo todo para resolver a situação. Quando conseguirem um voo para Funchal, vão avisar. Esperamos que não seja dos primeiros voos do dia; mal acabámos de chegar.

quinta-feira, agosto 12, 2010

Hoje faz 44



Neste dia há 44 anos, eu e Abbie dissemos "até a morte nos separe". Alguns desses 44 aniversários ficaram na memória -- no 25º aniversário estavamos na Suiça; no 40º, nos EUA. Este, também, não será esquecido.

Descobrimos que, afinal, o sol brilha na Inglaterra. Nesta semana que estamos aqui, houve dias com nuvens, mas somente houve um dia que realmente choveu. Hoje de manhã o sol estava mesmo a brilhar. Estamos em casa dos irmãos Derek e Margaret Martin, que visitaram nossa igreja pela primeira vez em 1982. Vivem cerca de hora e meia a sudeste de Londres numa aldeia no campo. A foto em cima mostra o jardim atrás da sua casa, e foi lá que tomámos o pequeno almoço esta manhã.



Esta semana vistámos vários lugares, incluíndo um dia que passámos em Londres, onde me encontrei com Pres. Obama. Perguntei-lhe se gostaria de ser fotografado comigo, e ele não disse não.

                               (Foto tirada no museu de Madame Tussaud.)


Amanhã voltamos à casa, e apesar de ouvir que a temperatura tem andado na casa dos 40ºC, será bom estar em casa novamente.

Eu finalmente descarreguei as fotos que estavam na máquina desde Maio, e pretendo publicar algumas aqui para dar uma ideia do que tem passado nos últimos meses. Claro, ainda não sei a altura da pilha de trabalho que me espera quando chegar em casa. Será que aquelas fotos chegarão a ser publicadas aqui?

sábado, agosto 07, 2010

Não estamos em casa

Esta breve nota serve para avisar os nossos leitores que não estamos em casa, e já lá vai uma semana. Estamos no continente desde 6ª-feira da semana passada, e esta semana toda eu dava as lições bíblicas no acampamento familiar do Acampamento Baptista em Águas de Madeiros, a norte de Lisboa. Pensava que arranjava um tempinho para escrever umas notícias aqui e pôr fotos, mas não deu.

Já é meia-noite e temos de estar no aeroporto de Lisboa por volta das 8h00 para apanhar o voo para Inglaterra, onde vamos passar a próxima semana com um casal de irmãos que nos tem visitado com alguma frequência na Madeira desde os anos 80.

Mais cedo or mais tarde, vou colocar fotos aqui. Vou dar notícias sobre os baptismos realizados na semana antes de sair da Madeira. Já notou que nos dois casos, falei daquilo que "vou fazer". Até este propósito seja concretizado, continue orando por nós e a obra. Precisamos das suas orações; agradecemos a Deus por elas.

segunda-feira, julho 12, 2010

Artigo sobre a Madeira no NYT

Na sua edição de ontem, na secção de Travel, o New York Times publicou um artigo sobre a Madeira. Em Inglês, claro, mas tem umas fotos da ilha para quem não domina a língua. Curiosidade: o Mimi-Eco Bar no artigo fica no outro lado da rua da entrada do consulado. O que se passa lá em altas horas da noite, não sei. Só sei que não abrem antes das 10h de manhã. Pode ler o artigo aqui.

segunda-feira, julho 05, 2010

"Parti a minha vuvuzela..."

A Copa do Mundo está a chegar ao fim. Se há mascote deste Mundial, deve ser a vuvuzela. Instrumento não-musical. Irritante. Uma dor de cabeça (literal e figurativa) para os comentadores de TV e rádio.

Mesmo com tantas nacionalidades na nossa igreja, já não há "sobreviventes" entre nós...os EUA, Inglaterra, Portugal, e até o Brasil já fizeram as malas e voltaram para casa. Há ainda o irmão Roy, cujo pai era holandês...neste caso seria meio-sobrevivente (pelo menos até ao jogo de Holanda amanhã).

Inglaterra e os EUA já estavam fora...Portugal e o Brazil ainda dentro...quando falei na outra semana sobre 1 Cor 9, onde Paulo diz que todos correm, mas só um ganha o prémio. Mesmo ganhando, é uma coroa corruptível. Quando a última equipa erguer a Taça no Domingo, em fim, o que teriam ganho? Nós temos um incentivo duplo para correr bem a nossa carreira cristã: 1) cada crente pode ganhar a coroa...ninguém fica a perder; 2)a coroa é eterna, um prémio que nunca passará.

De tudo dito e feito ao longo destas semanas, uma citação fica na memória.

Logo após o jogo em que os EUA qualificaram para a fase seguinte com um golo no tempo de descontos, um adepto americano todo emocionado explicou:

"Parti minha vuvuzela quando marcámos o golo. Parti-a sobre a cabeça."

Com tantas equipas favoritas já eliminadas, suponho que há muitos adeptos que gostariam de fazer a mesma coisa, mas como expressão de desilusão. E os comentadores e telespectadores em volta do mundo não estariam muito tristes se todos os outros partissem as suas vuvuzelas, também.

Últimas notícias

Pastor Moiséis -- Residência

Pastor Moiséis recebeu o seu cartão de residente uns meses atrás, mas devido aos processos na imigração, os cartões da família passaram por uma aprovação separada. Foi na semana passada que receberam os cartões de residência. Levou 7 meses, mas estamos gratos que levou SOMENTE 7 meses...há casos que levam anos.

Ajuda às vítimas das cheias

Os donativos recebidos para ajudar as vítimas do temporal de Fevereiro totalizam aprox. €7000. Não tenho apontamento do "troco exacto" comigo. Soubemos de três famílias que perderam tudo, e pensamos em ajudá-las a comprar a mobília e electrodomésticos básicos. Em princípio, na 4ª-feira tenho uma reunião com funcionária da Câmara Municipal de Câmara de Lobos para verificar o estado actual dos casos.

Sim, estamos de volta!

Muitos perguntaram, pois a última mensagem foi publicada no dia antes do funeral da mãe de Abbie. (Veja mensagem anterior, que estava quase pronta, e nunca chegou a ser publicada.) Os que seguem o blogue não sabiam se estávamos de volta, mas os meus clientes de tradução estavam muito atentos. Cheguei a reduzir a lista de trabalhos em espera para 6...mas já entraram outros há pouco.

Ainda vou escrever sobre a nossa viagem a Israel e Jordânia; de momento isto não está no primeiro lugar de prioridade.

Entre as visitas recentes é uma irmã de Inglaterra que nos visitou em Novembro de 1978, meses depois de inciar os trabalhos em língua inglesa. Agora voltou na companhia da filha (que tinha 14 anos aquando da 1ª visita) que estava acompanhada do seu marido e 4 filhas. Quanta coisa já mudou em 32 anos!

Adeus, Velho Amigo

Antigamente, enviámos cartas de oração no correio, colocámos etiquetas com os endereços, lambemos selos (hmmm!). Depois nos meados dos anos 90 chegou a internet e tive o primeiro e-mail: potter@mail.telepac.pt

Desde então muitos endereços surgiram e desapareceram, mas a Telepac estava sempre a segurar as comunicações...até à semana passada. As novas tecnologias, os pacotes integrados de TV, internet, e telefone com serviço de fibra significaram um poupança de 50% nos custos globais. Adeus, amigo de 15 anos. São outros tempos. Um dos motivos de hesitação era efectuar a mudança de contacto nas várias contas...bancos, listagens, os serviços fiscais. E também os que correspondem conosco. Ainda faltam muitos a serem notificados, mas a primeira actualização foi nos blogs. O "Contacte-nos" agora aponta directamente para um e-mail da Igreja.

Em Casa, finalmente (Incompleto)




[July 5, 18h30: Comecei a escrever isso em 19 de Maio, e deixo-o como estava. Obviamente fui interrompido e nunca pude voltar ao assunto.]


Acabamos de chegar em casa depois de viagem de 27 horas em seguida. (Sentado no avião e tentando dormir não conta como um tempo de descanso.) As ligações correram bem, a única complicação foi na partida de Newark. O forno da cozinha do 757 não funcionava, e demorou uma hora para eles concertar o problema e ter a certeza que o problema era só do forno e não do equipamento de navegação.



Ficámos uma noite com Joy e Mark, e eles nos acompanharam na 6ª para ver o Vôvô. A Mia prontificou-se para conduzir na volta para casa.

Eles vão chegar na 6ª, depois de passar uma semana na Inglaterra e Escócia.


Braewyn

Raquel e Braewyn chegaram no Domingo à noite e assistiram ao funeral na 2ª de manhã. Elas tiveram de sair na 3ª de manhã como nós, e não chegámos a passar muito tempo com elas.


Abbie (no casaco branco), com suas irmãs e pai.


Foi bom ter as irmãs todas juntas, mas o pai estava sempre a perguntar quem era quem
[Foi até aí que escrevi. Joy e Mark vieram à Madeira--depois vou enviar uma foto ou outra dessa visita. Quanto ao pai da Abbie, gostaríamos de pensar que está a lidar melhor com a situação agora. Ainda tem muitos problemas com a memória. O nosso filho, Jeff, ficou com o avô durante uma semana enquanto o Tio Ben estava de viagem. Jeff conseguiu pôr o Vôvô a trabalhar, ajudando na limpeza das floreiras, e até comprou mais flores para a varanda. O pai da Abbie disse a alguém que passou na sua casa, "Aquele homem (referindo-se a Jeff) obriga-me a trabalhar! E muitas vezes nem me lembro quem ele é!"]

domingo, maio 16, 2010

Notícias de Arkansas

A viagem de Lisboa a Arkansas na 5ª-feira foi sem problemas. Houve uma conexão apertado em Newark, mas tudo ficou perfeitamente encaixado pelo Senhor. Passámos a noite de 5ª-feira com Joy e Mark, e 6ª-feira eles e Mia nos acompanharam até a casa dos pais de Abbie. Ontem Joy e família viajaram até Londres, e durante os próximos dias vão visit Londres e Escócia; 6ª-feira viajam de Londres à Madeira (se as cinzas não fecharem os aeroportos novamente). Nós saímos daqui na 3ª e chegamos em casa na 4ª.

O funeral da minha sogra é amanhã de manhã. Os irmãos da Abbie e seus cônjuges estão todos aqui. Jeff está aqui; Raquel e Ricardo chegam hoje de Colorado.

O pai da Abbie tem muita dificuldade em compreender o que está a passar. Ele sofre de senilidade (dementia em Português?...não tenho tempo de verificar...mas não é Alzheimer's) e está sempre a "descobrir" que a sua esposa morreu. A dor dele renovada constantemente é uma dor acrescentada para todos os outros de nós, mas oramos que Deus estenda Sua graça abundante ao pai e a nós.

quarta-feira, maio 12, 2010

Peregrinos

Em Israel, o nosso guia nos chamou de peregrinos; a Bíblia diz que nós que vivemos por fé somos peregrinos como nosso pai na fé, Abraão. Nas nossas voltas através do deserto de Judeia e na Jordânia, vimos muitas tendas como esta.




Doravante sempre imaginarei Abraão a viver numa dessas tendas beduínas, embora sei que não tinha um "pickup" estacionado ao lado como quase todos têm hoje. Em 1 Cor. 5, Paulo diz que vivemos em tendas agora, mas Deus tem para nós um prédio eterno preparado para quando abandonarmos a nossa tenda.

Esta noite, a mãe da Abbie acabou a sua peregrinação; abandonou a sua tenda de 88 anos. Era perto de meia-noite aqui, pouco depois de publicar a última entrada aqui no blog quando vi o e-mail da minha cunhada a pedir que ligasse para ela, pois ela não conseguia entrar em contacto. (Não estávamos em casa.) Quando liguei, ela deu a notícia que a sua mãe foi encontrada na casa de banho, onde provavelmente tinha morrido uns 30 minutos antes. A minha sogra sofria de várias problemas, mas conseguiu fazer a sua vida minimamente até ao último minuto. A cunhada disse que a morte deve ter sido instantânea, com o mínimo de sofrimento.

Abbie já estava a dormir quando eu soube das notícias. Acordámos às 5:30 para ir à casa de banho, mas esperei até ela se levantar às 7h30 para lhe contar. O Pastor Paulo Pascoal nos levou à agência em Lisboa para alterar os nossos bilhetes, pois devíamos sair de Lisboa para a Madeira esta tarde. Também comprámos bilhetes para amanhã de manhã para Arkansas, e devemos estar em casa da Joy até 19h00. Sairemos na 3ª-feira e estar em casa daqui uma semana, "se o Senhor quiser."

Joy e Mark saem Sábado para passar uns dias na Inglaterra e Escócia antes de ir à Madeira no dia 21, 6ª-feira. Mal teremos tempo de chegar em casa antes da vinda deles.

O Senhor planeou tudo com perfeição. Dois dias antes estávamos no deserto na Jordânia e no Deserto Negueve. Estávamos quase fora de comunicação, e mesmo sendo notificados da morte da mãe, não havia nada a fazer, pois não conseguiríamos mudar os planos. Se a minha sogra tivesse morrido hoje, já estaríamos na Madeira, com a confusão de encontrar um voo para Lisboa. Se tivesse morrido na próxima semana, teríamos um problema por causa da visita de Joy e Mark. Esta manhã foi o único dia quando era possível alterar os planos com o mínimo de complicações.

Pois, mais uma peregrina terminou a sua viagem e deixou a sua tenda vazia. Mudou para o edifício que Deus preparou, eterno, não feito por mãos humanas.

terça-feira, maio 11, 2010

Os grandes contrastes de um dia só

Os últimos 10 dias foram passados num mundo totalmente diferente de qualquer experiência anterior nossa. A única coisa com que eu podia me identificar foram as terras áridas do deserto que me fez lembrar as planícies dos desertos do sudoeste americano. No Deserto do Negueve no último dia, tivemos de passar por uma tempestade de areia muito semelhante àquelas de que eu me recordo dos tempos da minha juventude nas planícies secas de Colorado.

O último dia foi um dia de grandes contrastes. Começámos em Eilat, no Mar Vermelho, e subimos ao longo da fronteira com a Jordânia, almoçando nas margens do Mar Morto. (Um vento seco do sul, areia a cortar a visibilidade, 43ºC). Daí, 30 a 40 km distante, jantámos nos arredores de Jerusalém, a caminho de Tel Aviv. (Uma brisa forte do oeste vindo do Mediterrâneo, 23ºC). Saindo de Tel Aviv à 1h00, chegámos em Bruxelas por volta das 5h00, temperatura: 3ºC!

Já de início, planeámos passar uma noite em Lisboa antes de voltar à casa na Madeira. Ainda bem. O aeroporto da Madeira estava fechado ontem devido à nuvem de cinzas, e não ouvimos nenhuma confirmação de que abriu esta tarde. Talvez cheguemos em casa amanhã.

Durante a hora entre os voos em Bruxelas, eu reflecti sobre os últimos 10 a 11 dias, e comecei a pensar sobre o mundo em que estávamos a entrar de novo. Houve qualquer sentimento de saudade no meu pensamento: "Uma vida sem camelos já não é a mesma coisa."

                                                                                                                                                        Foto tirada em Petra

domingo, maio 09, 2010

Quase em casa?

É a nossa última noite em Israel. Estamos em Eilat, depois de vir de Petra na Jordânia. Também a maior parte do dia ontem foi passado na Jordânia.

Amanhã viajamos o dia todo até Tel Aviv, onde devemos apanhar o avião à 1:00 de 3ª-feira. A chegada em Lisboa está marcada para 8h e tal de manhã, com uma passagem por Bruxelas. Quase em casa!

Ouvimos dizer que alguns voos para Lisboa estão sendo cancelados devido à nuvem volcânica. Quase em casa?

segunda-feira, maio 03, 2010

Excursão pela Galiléia

Hoje falhámos um ponto no programa: a atravessia do Mar da Galiléia em barco de madeira, mas pelo menos não deixámos ninguém atrás como ontem. A nossa visita a Nazaré levou mais tempo do que foi planeado, mas depois do almoço demos uma volta de barco no mar onde os discípulos pescaram e Jesus andou e acalmou as ondas.

A caminho de Nazaré, passámos por Caná de Galileia, onde Jesus fez o Seu primeiro milagre. Na estrada, a passar pelo centro, vi lojas que fizeram referência a este facto: "The Wedding Wine ..." e "The First Miracle ...". Lojas para turistas, com certeza, por isso os nomes em Inglês. Não consegui fotografar nenhuma das duas.

Nazaré, uma vila de 500 ou 600 no tempo de Jesus, tem perto de 250.000 habitantes hoje na grande área urbana, a maior parte sendo árabes. Muitas vezes, as placas estavam escritas em Inglês e Árabe em vez de Inglês e Hebraico. Numa área dentro da cidade, há uma amostra do que teria sido a vida em Nazaré há 2000 anos atrás. Procurou-se replicar tão fielmente possível a construção das casas e as profissões do tempos. O nosso grupo gostou tanto do tempo lá que perdemos a ligação de barco para o outro lado do mar.

Visitámos outras áreas onde Jesus ministrou--e parece haver algum tipo de igreja em cada lugar. Em Cafarnaum, onde Pedro viveu e onde Jesus residiu, há uma igreja moderna construída sobre o local onde a sogra de Pedro viveu, a um quarteirão da sinagoga.

E há Kursi, o lugar onde a tradição diz que os porcos lançaram-se ao mar quando os demónios entraram neles em Gadara. Houve alguma discussão entre nós sobre este lugar ser o sítio do milagre de Jesus. O topo da arriba fica uns 100 m distante do mar. Nas condições de hoje, o milagre seria em fazer os porcos correr do precipício e voar aquela distância para caírem no mar. Há ruínas de uma igreja aqui também.

No local onde Jesus multiplicou os pães e peixes junto ao mar "porque era um lugar deserto", mais uma igreja grande (provavelmente Ortodoxa, a julgar dos ícones na igreja).
Tentei imaginar o local como teria sido nos dias de Jesus, mas a igreja, as lojas de recordações, e os autocarros de turismo estragaram a imagem de "lugar deserto." Além disso, nem deu para ver a costa daquele lugar por causa de todas as construções. Nunca teríamos adivinhado que estávamos perto do mar.

O Monte das Bem-aventuranças, onde tradição diz que Jesus pregou o Sermão da Montanha, praticamente fica acima do lugar onde Jesus multiplicou o pão e peixe para 5000 homens e suas famílias. Mais uma igreja. Mas nós ficámos na encosta da montanha a contemplar as colinas de Galiléia à direita e o Mar da Galiléia à nossa esquerda, meditando no que tínhamos visto e no que estávamos a ver. Apesar da interferência de homens "religiosos" que constroem monumentos para comemorar eventos---tal como Pedro no Monte de Transfiguração, "Senhor, é bom estarmos aqui; façamos três tendas: um para Ti, uma para Moisé, e uma para Elias"---e embora eu podia ver a urbanização a subir as encostas acima de Tiberíades na forma de apartamentos, aquele mar e aquelas colinas permanecem praticamente iguais hoje como eram quando Jesus atravessou-os.

domingo, maio 02, 2010

De mar em mar

Na noite passada, estávamos em Tel Aviv e tirei fotos do pôr-de-sol sobre o Mediterrâneo. Hoje estamos em Tiberíades na margem ocidental do mar de Galileia. Tirei fotos do sol a iluminar as colinas do outro lado do mar.

Hoje, não coloco fotos. Tirei uns 130 e tal, e não tenho tempo de escolher as que vou pôr aqui.

Com certeza, os próximos dias serão de grande instrução. Hoje, logo de início vi que tinha confundido Haifa com Jofa (Jope) ... vejá a correcção ao artigo anterior.

Depois descobri que Cesareia não está onde sempre pensava. Sempre imaginei Pedro a sai de Jope e ir a Cesareia Filipe em Galileia, mas afinal havia outra Cesaréia na costa a norte de Jope. Esta era maior e aqui foi a base de Pôncio Pilatos e, mais tarde, Cornélio.

Depois fomos ao Monte Carmelo, onde Elias enfrentou os profetas de Baal. Aqui vi que: l) Monte Carmelo é, de facto, um monte. 2) Ele tem uma vista sobre o Vale de Megiddo (local profético do último grande batalha quando o Senhor voltar). O que leva à próxima descoberta.

O Vale de Megiddo é enorme. É uma vasta planície! Sempre me perguntava como os exercitos de todas as nações podia estar num só vale. O que vi hoje me leva a crer que há lugar para muitos exércitos lá!

Quando chegámos a Tiberíades, no mar de Galiléia, tomei conciência pela primeira vez que este mar também está abaixo do nível do mar... 213 a 218 metros abaixo do nível do mar. O envolvente do mar é algo diferente do que eu imaginava.

Nazaré: vamos lá amanhã, mas hoje vimos a cidade quando atravessámos o vale de Megiddo. Nunca imaginei Nazaré situado nas colinas sobre o vale de Megiddo. Dá para ver Nazaré da cidade de Naím, que fica no monte do outro lado do vale. Foi aqui que Jesus levantou dos mortos o filho da viúva...foi nesta cidade que almoçámos hoje.


Evento do dia:

Em Tel Megiddo, na volta do cimo deste local arqueológico, Abbie e um dos irmãos decidiram regressar ao início do percurso, em vez de descer 183 degraus num túnel, andar ao longo do túnel até à antiga fonte da cidade, e depois subir mais 80 degraus para sair no lado oposto do pequeno monte. O autocarro esperava o resto do grupo lá, e passaria outra vez pela entrada para pegar Abbie e Helder. Só que na volta, o motorista continuou sempre! "Ei! Esqueceu-se da minha mulher!" Até poder virar para trás com o autocarro grande, tivemos de andar vários quilometros. Abbie e Helder estavam sentados, esperando pacientemente por nós. Já pensou?! Abandonámos os dois no meio do nada no norte de Israel!

sábado, maio 01, 2010

Primeiro dia em Israel




A saudação hebraica para quem vem do Sul dos EUA! Quem não conhece o sotaque sulista dos EUA não pode apreciar a graça que achámos neste azulejo na montra de uma loja.

Chegámos em Tel Aviv depois de meia-noite, e porque hoje era Shabbat, não havia quase nada aberto senão uns restaurantes e cafés. (Um dos três elevadores no hotel estava assinalado como "elevador do Shabbat"...e só foi colocado de novo em operação depois do pôr do sol hoje---quando o Shabbat terminou!) De manhã eu e Abbie andámos ao longo da praia em direcção ao sul, e de tarde, acompanhámos a costa mediterrânica para o norte do hotel. Como não pudemos comprar o azulejo, ficámos com uma foto!

Entre as vistas hoje: a rua em baixo da janela do nosso quarto, com as palmeiras.






Indo do hotel para a praia, passámos por um jardim cujo aspecto nos fez lembrar da paisagem que imaginámos ser aquela de terras bíblicas. O tempo foi perfeito.




A praia estende-se por vários quilómetros, e houve zonas muito ocupadas, e outras quase desertas.




No fim do passeio de tarde, estávamos perto do antigo porto de Tel Aviv quando o sol se pôs sobre as águas do Mediterrâneo. Amanhã começámos a fazer turismo a sério, Haifa** (Jope na Bíblia) e outros lugares no norte do país. Não terei tempo para relatos completos, mas vou procurar manter os leitors mais ou menos informados do nosso progresso geral.

**Domingo à noite: Erro meu. Confundi Haifa com Yofa, o nome hebraico para Jope. Eu sabia que o nome local era diferente, e sendo Haifa uma cidade portuária, eu disse que íamos a Haifa. Não fomos. Mas realmente fomos a Jope (oficialmente a cidade é "Tel Aviv-Yofa"). Veja o artigo para Domingo.

Primeira paragem: Bruxelas

Voámos de Lisboa até Bruxelas, onde tivemos umas 4 horas de tempo livres antes de voltar ao aeroporto para o voo para Tel Aviv. Assim, demos um salto ao centro para comer qualquer coisa e ver a praça central, que está cercada de prédios muito decorados. Aqui está uma amostra do que vimos:









Eu e Abbie provámos um "guisado flamengo" e um gofre belgo (claro!), mas não restou nenhuma amostra destes para compartilhar.

quinta-feira, abril 29, 2010

Antes de ir...

Em verdade, já estamos em viagem. As últimas três semanas foram cheias de toda a espécie de tarefas...reuniões da igreja, trabalhos no consulado, traduções, tudo tanto mais urgente por causa da nossa viagem. Em fim, nem tudo que foi planeado ficou pronto, mas a gente tem de estar no aeroporto no horário marcado para a saída do avião.

Para nós, o avião levantou ontem do Funchal. Tínhamos de estar no aeroporto às 6h00. O resto do dia de ontem, e o dia todo hoje foram ocupados com reuniões na embaixada, que incluiu a oportunidade para conhecer o novo embaixador. Ele chegou em Lisboa há duas ou três semanas atrás, mas soube ontem de manhã que ele estava a apresentar os seus credenciais ao governo de Portugal. Depois do almoço, de repente vi todos dentro da embaixada indo para a saída! Ameaça de bomba? Não! É tradição para todo o pessoal da embaixada ficar na entrada da embaixada receber o embaixador com palmas a primeira vez que entra como embaixador com plenos poderes (i.e., com os credenciais apresentados). Uma coisa que acontece 1 vez em cada 4 anos, e estive presente desta vez! Depois tive oportunidade de falar com ele pessoalmente durante uns 25 minutues em privado. Muito interessante.

Mas amanhã marca nova etapa: nossa primeira viagem a Israel. Voltamos a Lisboa em 11 de Maio. Conforme tenho oportunidade, vou dando relatórios do nosso progresso.

segunda-feira, abril 05, 2010

Fundo de apoio às vítimas do temporal

Até à data, os seguintes depósitos foram feitos: (quantias em euros)

664.50 Igreja do continente
673.29 Igreja do continente

150.00 Turista visitante
10.00 Turista visitante

540.22 Transferência do Reino Unido
216.49 Transferência do Reino Unido

2254.50 Total até à presente data

Irmãos da Inglaterra prometeram enviar mais £1000 (aprox. €1100).

O nosso tesoureiro nem sempre consegue saber a origem de transferências, portanto, se precisar de um recibo da nossa igreja ou confirmação de recepção, por favor nos informe por e-mail de qualquer donativo.

Informação bancária para donativos--conta específica para ajuda a vítimas do temporal

Titular da conta: Igreja Baptista do Funchal

Nº conta, transferências BES - BES:
0007.0167.3266

Transferências interbancárias em Portugal,
NIB: 0007 0000 00701673266 23

Transferências internacionais:
IBAN: PT50 0007 0000 0070 1673 2662 3
SWIFT/BIC: BESCPTPL



Temos estado em contacto com as autoridades municipais para conseguir uma lista de famílias específicas e suas necessidades específicas. O custo de electrodomésticos e mobília basicos para realojamento de uma familia fica entre €2000 a €3000.

Uma das famílias na igreja cujo carro foi atingido nas águas (Leandro e Daniela) conseguiram pôr o carro a andar, e disseram inicialmente que não iriam necessitar a ajuda da igreja. Depois verificaram que tinham de fazer mais algum trabalho (as panelas do sistema de exausto ficaram entupidas com a água) e a igreja vai ajudá-los com esta despesa a mais (aprox. €120) do fundo geral da igreja.

Aproveito para colocar estas fotos tiradas quando apresentaram a sua filha, Yasmin, ao Senhor no último Domingo de Fevereiro, uma semana depois do temporal. Daniela está de licença de maternidade, e estão a equilibrar as finanças só com o seu salário. Leandro é membro de uma igreja no Brasil, e Daniela está a fazer um curso de discipulado com Pr. Moiséis, em preparação para o baptismo. Como a segunda foto mostra, nós pegamos emprestados bébés para manter a nossa forma de avós.



sábado, abril 03, 2010

A Contradição da Cruz

Na véspera de Páscoa, o dia quando a ressurreição de Jesus está especialmente comemorada (digo, especialmente, porque todo o primeiro dia da semana é uma recordação da Sua ressurreição--o nome para Domingo em Russo é muito apropriado: "Ressurreição"), e numa cultura católica com a da Madeira onde esta 6ª-feita e Sábado foram dias de luto porque "o Senhor está morto" (há a procissão do Enterro do Senhor todos os anos na 6ª-feira Santa), as palavras de um e-mail recebido hoje de uma irmão querida me fez reflectir sobre a contradição da cruz.

A cruz é o símbolo de um Deus misericordioso e da justiça de um Deus justo. Uma contradição. A nossa irmã escreveu, "A nossa situação na igreja está muito triste... Há anos não ouço nada [na pregação do pastor] sobre pecados ou a cruz, apenas que Deus nos ama, não importa o que fazemos (esta é só uma meia verdade). E há uma razão para isso." No seu pedido de oração pelo seu pastor, eu li entre as linhas,... "há um motivo para não falar de pecado."

Sim, a cruz é a demonstração maior do amor de Deus por nós ... (João 3:16; 1 João 4:9-10)... É também a demonstração maior da Sua justiça e santidade; Ele está tão contra o pecado e à injustiça que Ele fez cair a Sua ira sobre o Seu próprio Filho amado, que clamou, "Meu Deus, meu Deus, porque me desamparaste?"

Nisso está a contradição da cruz: é a prova de que todos os nossos pecados foram pagos e somos perdoados--Deus é amor; é a demonstração cruel da razão por que não podemos tratar do pecado levianamente--Deus é Santo.

quarta-feira, março 17, 2010

Já lá foram 3 semanas --- Como ajudar agora?

Já entrámos na 4ª semana após o temporal que fez tantos estragos na ilha. Já foi feito um progresso tremendo no Funchal, mas tal como um corpo que ficou lacerado, mesmo depois das feridas serem saradas, as cicatrizes ficam. Pode ser que nós vamos acostumar-nos a algumas dessas cicatrizes, mas nunca vão deixar de ser cicatrizes.

Devido à minha posição de agente consular, tive de ajudar na indicação da distribuição de fundos do Governo dos EUA. US$50,000 foram logo para Cáritas, que teve e ainda tem um papel de liderança nos trabalhos de assistência às vítimas. Houve outro projecto do Governo que oferecia até US$10,000 por projecto para ajuda em necessidades específicas e concretas. Dentro de uma semana eu tinha recebido 41 projectos diferentes (e não mais porque tive de "fechar a janela"). No fim, 5 projectos foram contemplados, num total de US$50,000 de ajuda, e a minha pasta ainda continha 36 propostas.

Aliança Evangélica Portuguesa

As igrejas evangélicas no continente iniciaram um fundo para ajudar a Madeira. O Presidente da Aliança veio ao Funchal na semana passada para reunir-se com os 6 pastores evangélicos na ilha, e saber como melhor aplicar os fundos angariados. Baseado em alguns dos 36 projectos da minha pasta, foi decidido ajudar a Câmara Municipal de Câmara de Lobos adquirir electrodomésticos e mobília básica para realojamento de algumas das 75 famílias que perderam casas e o seu recheio naquele município. (Penso que vi que o total de famílias na ilha que precisam de realojamento pode chegar aos 600.) Eu e um outro pastor fomos falar com a vereadora sobre o mecanismo para a entrega desta ajuda (que pode chegar aos €7000). A Câmara vai preparar um dossier com as famílias e as necessidades específicas de cada uma, e alguns irmãos vão comprar os ítens na lista para entrega no local designado pela Câmara Municipal.

A conta da nossa igreja

Roberto, os nosso tesoureiro, informou que já temos €1000 na conta designada para esta ajuda. Propomos utilizar todos estes fundos para ajudar a comunidade fora da igreja; quaisquer necessidades entre os membros da igreja serão resolvidas através do nosso fundo geral. Outra vez, baseado na informação colhida para os apoios oficiais, já estamos em boa posição para contactar as entidades que estão a ajudar os mais necessitados. As autoridades reconhecem que haverá uns que vão procurar aproveitar esta situação com reivindicações fraudulentas. O diário já deu conta de duas famílias que foram detectadas a apresentarem situações falsas. As entidades oficiais estão a fazer vistorias in situ para confirmar que aqueles que estão a pedir ajuda são, de facto, vítimas do temporal que perderam casas e bens.

Informação bancária para os que querem ajudar

Devido à natureza dos blogues, a informação é empurrada para baixo, fora de vista. Vou ver se consigo colocar esta informação no cabeçalho do blogue, para estar sempre visível.

Titular: Igreja Baptista do Funchal

Conta no BES, para transferências BES-BES:
0007.0167.3266

Transferências interbancárias em Portugal,
NIB: 0007 0000 00701673266 23

Transferências internacionais:
IBAN: PT50 0007 0000 0070 1673 2662 3
SWIFT/BIC: BESCPTPL



Uma nota sobre o artigo da semana passada:


Durante a reunião bíblica na prisão ontem à tarde, de repente Alexei disse, "Ouves aquele pássaro a cantar?" Foi um daqueles melros pretos que mencionei, que cantam no meio da noite e na chuva. Ontem, um deles estava "presa", sentado no alto de uma árvore no pátio da prisão. Pareceu-me a mim que ele não deu conta do facto de ser cercado por arame farpado e guardas armados.

segunda-feira, março 08, 2010

Depois da tempestade



Já faz 15 dias desde o temporal. Hoje o sol brilha, a temperatura ronda 20º, e os pássaros estão a cantar. Em nome da verdade, tenho duas coisas a dizer acerca desta foto: l) não foi tirada aqui; e 2) não foi tirada por mim.

O nosso filho, Jeff, que vive em Dallas, mandou esta foto de um Picoteiro-americano Bombycilla cedrorum (Eng: cedar waxwing) que apareceu em sua casa para comer as bagas de azevinho. Em jeito de um agradecimento, ele posou para Jeff tirar a sua foto. Isto não quer dizer que os pássaros não estão a cantar aqui...estes por aqui não são tão ousados como este picoteiro-americano, e é mais difícil fotografá-los. Além disso, o pássaro que mais ouvimos cantar em volta da nossa casa canta no meio da noite!

Mais frequentemente do que quero fazer, encontro-me em frente do computador fazendo traduções até altas horas da noite...e além, até pleno dia. É comum ouvir um melro preto (pelo menos me parece que é) a cantar a bom e alto som às 2h30, ou 4h00 da manhã. Acordei esta noite às 5h00 e lá estava ele, no alto de uma árvore, cantando na escuridão. Muitas vezes ele canta mesmo quando o vento está a soprar forte, e a chuva está a cair.

Quando faz sol e a temperatura é amena e a brisa refrescante, até pode ser difícil para nós não cantarmos. Mas eu me lembro do nosso melro preto e pergunto me quantos de nós estariam dispostos a cantar com gosto e alegria na escuridão, numa noite tempestuosa, ou em cadeias, como Paulo e Silas.

quarta-feira, março 03, 2010

Depois do pó se assentar

Claro, não é o caso literalmente falando. Poeira não tem sido um grande problema ultimamente. Tem chovido de vez em quando, e assim as ruas que ainda tenham lama não chegam a largar poeira...ainda. Chegará o dia.

Figurativamente, o choque inicial shock do disastre passou, e a nova "normalidade" mencionada em artigo anterior já começa a fazer-se sentir. Domingo, a casa do Senhor estava cheia, como antes. Agora começamos a avaliar as necessidades reais em nossa volta, e em especial, quais as necessidades que nós devemos ajudar.

Outras necessidades aparecerão com o tempo, mas de momento, estas são as que vemos entre os irmãos da igreja:

Irmã Fernanda--uma viúva que vive da sua pequena pensão, e membro desde 1989. A sua casa no rés do chão ficou com 15 cm de água, que destruiu o soalho flutuante no corredor, sala de estar e quartos. O material, uma espécie de cartão comprensado, absorveu a água, e inchou, fazendo com que as portas interiores não se fecham. O material vai começar a apodrecer e criar bolor e bactéria. A irmã Fernanda sempre gostou do tipo de pavimento que temos na igreja, que não é afectado pela água e é praticamente indestrutível. O irmão José Carlo falou com o agente, que oferece o material e instalação por quase metade do preço normal. Orçamento: €3600. Fernanda insiste que há outros que precisam de ajuda mais do que ela, mas a igreja sente que não é uma mera questão de decoração interior; é a saúde que está em causa, e a situação só tende a piorar.

José Luíz e Sónia--Esta família foi baptizada em Maio do ano passado. Eles vivem em Ribeira Brava, o local mais atingido depois do Funchal. Graças a Deus já voltaram ao seu apartamento com água e luz ligados. Infelizmente, o carro da Sónia foi inundado, e neste momento está na oficina para ser limpo e posto a trabalhar de novo. Orçamento: €200-300.

Alguns familiares de membros da igreja foram afectados. O filho de uma irmã da igreja estacionou o carro do parque do Centro Comercial Anadia naquele Sábado. Ele está a ver se o seguro do parque cobre a perda. A irmã de outro membro teve 40 cm de água na sua casa. Não perdeu muitas coisas, mas a casa alugada sofreu danos estruturais. Com certeza ficará com outra casa, embora não se pode dizer quando. Nessa altura, ela precisará alguns móveis e electrodomésticos. O filho dela viu seu carro coberto até ao tejadilho com pedras, mas o carro (novo de Novembro 2009) não sofreu nada além de umas riscas na pintura. Nenhuma mossa, nem vidro ou luz partida. Depois do mecânico limpar o motor, o carro ficou como novo. Era o único de uns 8 carros naquele quarteirão que não foi para sucata. À medida que o Senhor providencia e orienta, ajudaremos as necessidades que vamos conhecendo.

Se desejar contribuir, esta é a informação bancária do fundo especial que a igreja designou para a ajuda das vítimas do temporal:

Titilar da conta: Igreja Baptista do Funchal
Tranferências dentro de Portugal,
NIB: 0007 0000 00701673266 23

Transferências Internacionais:
IBAN: PT50 0007 0000 0070 1673 2662 3
SWIFT/BIC: BESCPTPL


Como disse em artigo anterior, não estamos a fazer um apelo activo para angariar fundos, mas procuraremos distribuuir com a direcção do Senhor os fundos que nos chegam para essa finalidade. Cremos que Deus nos mostrará as necessidades de acordo com os donativos recebidos.

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

"It's Raining Again"ou "Raindrops Keep Falling on My Head"

Estas músicas parecem muito adequadas ao estado do tempo...as chuvas já começaram e o vento aumentou. Durante a noite os ventos podem atingir 130 a 140 km por hora na serra. E se a chuva não deve ser nada como no Sábado passado, um dos principais envolvidos nas operações humanitárias estava no meu escritório hoje e disse que agora, não precisa de muita chuva para fazer grande estrago.

Há pessoas tão nervosas, que uma gota de água na cabeça já os põe em pânico e neste ambiente boatos nascem num instante e espalham-se em dois. Procuramos ser prudentes, para não sermos temerários; procuramos ser prudentes para não parecer tolos.


(Sábado... O vento soprou forte durante a noite, mas eu não ouvi nada. Estava tão cansado. Danos mínimos esta vez: uma árvore caiu em cima de um automóvel--ninguém ferido--e uma pequena derrocada.)

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Voltando ao nOrMaL

Quando avisei a Embaixada que estaríamos no escritório hoje pela primeira vez desde o temporal, meu supervisor escreveu que estava "contente em saber que as coisas estão voltando ao normal."

Nalguns sentidos era normal: estávamos no nosso escritório, a avenida e praça em frente da Sé estavam limpinhas. Porém havia muita coisa anormal. Consegui estacionar no meu espaço reservado no centro, mas tinha de passar por 5 ou 6 pontos de controlo e mostrar o meu crachá da Embaixada. A rua na nossa porta brilhava, era tão limpa, mas a Avenida do Mar do outro lado do prédio ainda estava fechada ao público. Uma equipa de jovens trabalhava para limpar McDonald's em baixo de nós, mas utilizava a sua porta de emergência que dá para a nossa rua limpinha, em vez da sua porta de entrada na Avenida, que ainda está longe de ser limpinha.

Normal? Os correios estavam abertos, e os bancos. Quase todos os cafés e restaurantes e um bom número de lojas. "...voltando ao normal...," disse o homem. Ainda falta qualquer coisa. Será que alguma vez veremos a normalidade?

A questão foi levantada depois de 11 de Setembro de 2001, e já voltámos ao normal: é normal separar e limitar os líquidos quando voamos, ou tirar os sapatos, ou ser sujeitos ao exame mais "íntimo" das seguranças em caso de dúvida. Vem aí o raios-X corporal. Normal...agora. Mas o que quer dizer, normal?

Talvez "normal" simplesmente quer dizer o que estamos acostumados a ver e esperamos experimentar.

De certa forma, vemos a morte como "normal"...toda a gente morre, mais cedo ou mais tarde. Biblicamente, porém, a morte não é a normalidade que Deus quis no início. O Seu plano de redenção tem como propósito fazer-nos regressar ao estado original de normalidade: comunhão íntima, contínua e eterna com Ele...sem morte.

Nas nossas vidas pessoais, podemos até aceitar o pecado como "normal"...toda a gente faz. Biblicamente, o pecado só é normal porque somos criaturas que caíram do estado original "normal" de perfeição. Mas nós aceitamos o pecado e a morte como normal.

No mundo de hoje, chegámos a uma situação de normalidade depois de 11 de Setembro, mas não é o "normal" de pré-11 de Setembro. No Funchal, na Madeira, voltaremos ao normal. Mas não será o que era normal na 6ª-feira passada. Voltaremos ao nOrmAl, ou NorMaL, ou NOrMal, e seja qual desses for, em tempo se tornará normal.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Conta Bancária para Apoio a Vítimas do Temporal

Como disse na mensagem anterior, não estamos a fazer uma campanha de angariação de fundos para ajudar os que foram afectados pelo temporal. Acontece, porém, que várias pessoas já deixaram dinheiro ou indicaram o seu desejo de enviar dinheiro, e preparámos uma conta bancária que será utilizada especifica e unicamente para esta finalidade. A igreja está ciente da sua responsabilidade de utilizar estes fundos com discernimento para a glória do Senhor Jesus, ajudando da maneira mais adequada possível.

Títular da conta: Igreja Baptista do Funchal
Para transferências nacionais,
NIB: 0007 0000 00701673266 23

Transferências internacionais:
IBAN: PT50 0007 0000 0070 1673 2662 3
SWIFT/BIC: BESCPTPL

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Agora vem a parte difícil

O número de mortos está estacionário, no momento, mas ninguém há de ficar surpreso quando subir. Os que ficaram sem casa são centenas, e os que ainda têm casa mas perderam o recheio nas águas lamacentas são múltiplas centenas. Para estes que ficaram tão directamente afectados pelo temporal de Sábado, talvez o pior já esteja no passado, pelo menos em termos de medo e pânico. Talvez para muitos, o que vem pela frente seja tão mal de outra maneira: medo e desespero.

Para centenas de milhares como nós (a população da ilha é cerca de 260.000), as consequências do temporal poderão ter sido pouco mais do que limpar água de chuva que pingou por uma telha partida ou que foi empurrada pelo vento debaixo da porta. De resto, não havia nada a fazer, senão sentar-se e aguardar. Para nós, vem a parte difícil, levantar-nos e trabalhar.

O temporal durou horas, esta fase durará meses. O centro do Funchal ainda está reservado às equipas que limpam ruas, ribeiras, e as lojas. Os serviços consulares estão a ser resolvidos a partir de casa, e o trabalho segue.

Já 2ª-feira de manhã, tínhamos uma lista de cidadãos americanos cuja família ou um amigo estava preocupado pela falta de notícias. Contactaram o Departamento do Estado em Washington ou a Embaixada em Lisboa e era a nossa tarefa descobrir se estavam na ilha e se estavam bem. Alguns casos foram facilmente resolvidos; o caso dos últimos dois "perdidos" na lista foi mais complicado. Só hoje à tarde recebemos confirmação do seu paradeiro e que estavam bem, mas eu já tinha passado no morgue na parte de manhã para certificar se o cadáver não identificado mencionado no jornal era uma destas pessoas. Graças a Deus, não foi. (Esclarecimento: Não tive de ver o corpo; até eu chegar lá, já tinha sido identificado. Graças a Deus.)


A Parte Difícil--para mim

Independentemente da ajuda oficial dos EUA, que vem por vias governamentais, e que pedem que eu ajude direccionar aos recipientes que estejam dentro dos parâmetros das ajudas específicas, há a outra questão relacionada com o dinheiro que indivíduos têm oferecido à igreja para ser distribuído em nome da igreja. Perante estas donativas prometidas, nós como igreja, estamos cientes da nossa responsabilidade para utilizar tais dinheiros sabiamente, para a glória de Deus. Contabilidade rigorosa na sua recepção; discernimento sábio na sua distribuição. Procedimento honesto perante Deus e os homens.


Fundos de Ajuda Humanitária

Pedi o tesoureiro da igreja a falar com o banco para ver qual será a maneira mais adequada de lidar com os fundos que pessoas querem dar. Não estamos a fazer um apelo para fundos. Mas se sentir o desejo de dar, faremos tudo para que seja usado para ajudar os necessitados e lhes demonstrar o amor de Deus que é derramado nos nossos corações.

Logo que tenha os pormenores sobre a melhor maneira para enviar o dinheiro, darei as informações necessárias.

E mais uma coisa... Obrigado a todos que enviaram um e-mail e esperaram pacientemente um ou dois dias para eu responder. Creio que respondi a todos pessoalmente esta noite.

Sem fotos

Hoje não há fotos, pois nem saímos de casa. Durante quase o dia todo ficámos sem TV, devido a um corte no cabo que sai para a zona leste da ilha. Já à noite voltámos a ter televisão, depois de seguir as notícias ao longo do dia pela rádio.

O que sabemos hoje vem das colegas que se dirigiram ao consulado para verificar as mensagens no telefone.

Informação geral: Esta noite, a contagem continua com 42 mortos, mas os desaparecidos aumentaram de 4 para 32. Estima-se em 400 o número de pessoas sem casa.

Informações de testemunhas oculares:

1) Ana e Trudy não conseguiram chegar até ao centro de carro. Tiveram que andar as últimas 8 quarteirões para o escritório. Lama em todos os lados. A Avenida do Mar é Avenida de Lama. Até tiveram alguma dificuldade abandonar a cidade, pois há ruas onde nem a pé pode circular-se, em especial nas ruas pertas das ribeiras, pois existe grande perigo de colapso.

2) José Carlos foi até o seu escritório, mas o autocarro o deixou em cima, perto do Casino. Ainda são 15 minutos ou mais para o centro. A operações de limpeza já começaram--o presidente da câmara disse que quer limpar tudo dentro de uma semana. Isso, veremos. José Carlos diz que é impossível andar em algumas ruas devido às pedras.

3) O Centro Comercial Anadia foi completamente destruído pela água, que entrou de um lado e saiu pelo outro. Os dois níveis de estacionamento subterraneo foram completamente inundados, e até agora nehuma vítima foi encontrado nos carros no piso -1. Parece que ainda falta piso -2-

4) A Dolce Vita, o novo centro comercal, está encerrado também. Neste há 3 níveis de estacionamento abaixo do nível do chão, todos cheios de água. O piso mais baixo do centro comercial, onde há a zona de restauração e um supermercado, ficou com 2 metros de água. Ainda não tiraram a água dos parques, mas a administração garante que todas as pessoas foram evacuadas do centro a tempo.

Débora, membro da nossa igreja, estava a trabalhar lá na altura da inundação. O marido, Gil, tinha colocado o carro no estacionamento, mas ao perceber-se da água a entrar no centro, chegou a tirar o carro com poucos minutos de folga.

Pensávamos em ir ao estudo bíblico esta noite no outro lado da cidade. No fim julgámos mais prudente ficar em casa.


Mais números:

O Diário de Notícias do Funchal hoje deu uma estimativa da quantidade de materia que tem de ser removida dos leitos das três ribeiras que desaguam na baía do Funchal. Estima-se que serão precisas 13,000 viagems de caminhões para levar embora as pedras; o volume é de 200.000 m3, ou seja qualquer coisa como cobrir um campo de futebol em pedras até uma altura de 40 metros ou mais. Um grande problema: onde pôr?


Decisão confirmada:

Tudo no centro está encerrado: repartições governamentais, bancos, lojas, restaurantes. E nós também por um tempo indefinido. As minhas colegas e eu trabalharemos "em conjunto separados", cada um na sua casa. Conforme necessário e/ou aconselhável, um de nós irá ao escritório buscar material ou informações e verificar que está tudo em ordem. A deslocação ao centro está muito complicada, quase proibida pelas autoridades, enquanto não limparem o centro.


Entretanto, chamadas e e-mails continuam a chegar de todos os lados de Portugal continental, a Europa, e os EUA, muitos oferecendo ajuda. Desde já oramos que Deus nos dê sabedoria no uso de todo e qualquer apoio que chegar para nós para ser distribuído; de acordo com Tiago 1:5, temos que crer que Deus nos dará a sabedoria que buscamos.

domingo, fevereiro 21, 2010

Situação actual--Domingo à noite

No primeiro lugar, a nossa gratidão a Deus por todos que têm enviado e-mails e telefonado de muitos lugares da Europa, o Reino Unido, os EUA, e Portugal continental. Muito do que se vê no YouTube faz parte daquilo que vemos na televisão. Ainda não fomos ao centro do Funchal pessoalmente, visto que as autoridades estão a pedir as pessoas a evitar o centro. As cenas mostradas das ruas explicam porquê. Muitas das ruas são irreconhecíveis, cheias de entulho ou enterradas em lama. Uma das ruas principais está cheia de pedras do calhau de um lado da rua até à outra, até à altura dos tejadilhos dos carros...uma camada de pedras bem mais de um metro em profundidade.

Pastor Moiséis filmou a ribeira ao lado da Rua 31 de Janeiro do terraço do seu apartamento e comentou a cena. Pode ver o vídeo aqui.

Conseguimos chegar à igreja dando uma grande volta, que passou por este local. A saída da via rápida para a nossa igreja, que fica na zona da Pena, ainda não está aberta, pois estão a limpar a rua dos muitos carros que foram espalhados ao longo da sua descida. Tivemos cerca de 50% de assistência nos cultos hoje, e estamos gratos por cada um que conseguiu chegar. Confirmámos que não houve feridos entre os membros da igreja, e os danos materiais limitaram-se a dois carros que ficaram inundados com águas lamacentas, mas não foram arrastados pelas águas. A irmã Fernanda teve vários centímetros de água em toda a sua casa, e terá de substituir o pavimento flutuante que não resiste bem à água.

Os nossos irmãos na Assembleia de Deus não foram tão afortunados. Pastor César ligou para dizer que uma irmã da igreja foi arrastada pelas águas e o marido não conseguiu agarrá-la.

Hoje à noite, o número de mortos é oficialmente 42. Amanhã ao meio dia vão actualizar a informação.

Aqui estão as últimas fotos que tirei esta tarde na zona da igreja.

CENAS DA RUA
Clique nas fotos para ampliar.

Quando passámos por este cruzamento indo à igreja, havia um tronco gross que atravessava metade da via. Quando voltámos a pé depois do culto, o tronco já não estava lá, mas as pedras, sim.









A força das águas torceu peças metálicas em volta de sinais de trânsito e deixou arranjos exquisitos dos detritos.








UM QUARTEIRÃO MAIS ACCIMA

Lembra-se da foto no primeiro artigo acerca do temporal?





O mesmo local esta tarde:




A parede de frente da casa desapareceu com a força das águas vindo da montanha atrás:




O caminho da destruição:



Começando em cima, lembra-se deste carro no artigo anterior?




É este o mesmo carro, visto do outro lado, numa ampliação da parte central superior da foto em cima:




No centro desta foto, pode ver-se o telhado da segunda casa, que foi destruído quando a água veio para baixo e empurrou tudo à sua frente. Mais em baixo, a casa que ficou sem a parede da frente. À esquerda da casa, vêem-se homens em fatos côr de laranja.




Nesta foto, dá para ver claramente que estão a andar em cima de um carro que ficou entalado entre as duas casas...a roda do carro é bem visível:



Depois compreendi que estavam a tentar tirar um corpo do carro. Um grupo de homens atrás, no muro mais alto, puxou numa corda e arrancou o cadáver do carro, e o trouxe através da casa, deitou-o no terraço, e o cobriu com um lençol.



Depois, um dos homens saiu e voltou com uma garrafa de água limpa; deram-lhe a carteira lamacenta que tinham tirado do corpo, e abrindo a carteira, retirou documentos e lavou-os para que a polícia ao seu lado pudesse comunicar ao central a identidade de mais uma vítima.




Antes de abandonar a minha posição, reparei que ao lado direito daquela mesma casa, houve outro carro enfiado entre as casas, e que o portão no fundo das escadas tinha evitado mais detritos de entrar na via pública.



Não fiquei para ver se havia um corpo a ser retirado daquele carro.

Agora, em casa, enquanto escrevo estas palavras, ouço o vento soprar e sinto a chuva bater contra as janelas do meu escritório. Ainda bem que a chuva cai levemente.