Quando avisei a Embaixada que estaríamos no escritório hoje pela primeira vez desde o temporal, meu supervisor escreveu que estava "contente em saber que as coisas estão voltando ao normal."
Nalguns sentidos era normal: estávamos no nosso escritório, a avenida e praça em frente da Sé estavam limpinhas. Porém havia muita coisa anormal. Consegui estacionar no meu espaço reservado no centro, mas tinha de passar por 5 ou 6 pontos de controlo e mostrar o meu crachá da Embaixada. A rua na nossa porta brilhava, era tão limpa, mas a Avenida do Mar do outro lado do prédio ainda estava fechada ao público. Uma equipa de jovens trabalhava para limpar McDonald's em baixo de nós, mas utilizava a sua porta de emergência que dá para a nossa rua limpinha, em vez da sua porta de entrada na Avenida, que ainda está longe de ser limpinha.
Normal? Os correios estavam abertos, e os bancos. Quase todos os cafés e restaurantes e um bom número de lojas. "...voltando ao normal...," disse o homem. Ainda falta qualquer coisa. Será que alguma vez veremos a normalidade?
A questão foi levantada depois de 11 de Setembro de 2001, e já voltámos ao normal: é normal separar e limitar os líquidos quando voamos, ou tirar os sapatos, ou ser sujeitos ao exame mais "íntimo" das seguranças em caso de dúvida. Vem aí o raios-X corporal. Normal...agora. Mas o que quer dizer, normal?
Talvez "normal" simplesmente quer dizer o que estamos acostumados a ver e esperamos experimentar.
De certa forma, vemos a morte como "normal"...toda a gente morre, mais cedo ou mais tarde. Biblicamente, porém, a morte não é a normalidade que Deus quis no início. O Seu plano de redenção tem como propósito fazer-nos regressar ao estado original de normalidade: comunhão íntima, contínua e eterna com Ele...sem morte.
Nas nossas vidas pessoais, podemos até aceitar o pecado como "normal"...toda a gente faz. Biblicamente, o pecado só é normal porque somos criaturas que caíram do estado original "normal" de perfeição. Mas nós aceitamos o pecado e a morte como normal.
No mundo de hoje, chegámos a uma situação de normalidade depois de 11 de Setembro, mas não é o "normal" de pré-11 de Setembro. No Funchal, na Madeira, voltaremos ao normal. Mas não será o que era normal na 6ª-feira passada. Voltaremos ao nOrmAl, ou NorMaL, ou NOrMal, e seja qual desses for, em tempo se tornará normal.
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