domingo, fevereiro 21, 2010

Situação actual--Domingo à noite

No primeiro lugar, a nossa gratidão a Deus por todos que têm enviado e-mails e telefonado de muitos lugares da Europa, o Reino Unido, os EUA, e Portugal continental. Muito do que se vê no YouTube faz parte daquilo que vemos na televisão. Ainda não fomos ao centro do Funchal pessoalmente, visto que as autoridades estão a pedir as pessoas a evitar o centro. As cenas mostradas das ruas explicam porquê. Muitas das ruas são irreconhecíveis, cheias de entulho ou enterradas em lama. Uma das ruas principais está cheia de pedras do calhau de um lado da rua até à outra, até à altura dos tejadilhos dos carros...uma camada de pedras bem mais de um metro em profundidade.

Pastor Moiséis filmou a ribeira ao lado da Rua 31 de Janeiro do terraço do seu apartamento e comentou a cena. Pode ver o vídeo aqui.

Conseguimos chegar à igreja dando uma grande volta, que passou por este local. A saída da via rápida para a nossa igreja, que fica na zona da Pena, ainda não está aberta, pois estão a limpar a rua dos muitos carros que foram espalhados ao longo da sua descida. Tivemos cerca de 50% de assistência nos cultos hoje, e estamos gratos por cada um que conseguiu chegar. Confirmámos que não houve feridos entre os membros da igreja, e os danos materiais limitaram-se a dois carros que ficaram inundados com águas lamacentas, mas não foram arrastados pelas águas. A irmã Fernanda teve vários centímetros de água em toda a sua casa, e terá de substituir o pavimento flutuante que não resiste bem à água.

Os nossos irmãos na Assembleia de Deus não foram tão afortunados. Pastor César ligou para dizer que uma irmã da igreja foi arrastada pelas águas e o marido não conseguiu agarrá-la.

Hoje à noite, o número de mortos é oficialmente 42. Amanhã ao meio dia vão actualizar a informação.

Aqui estão as últimas fotos que tirei esta tarde na zona da igreja.

CENAS DA RUA
Clique nas fotos para ampliar.

Quando passámos por este cruzamento indo à igreja, havia um tronco gross que atravessava metade da via. Quando voltámos a pé depois do culto, o tronco já não estava lá, mas as pedras, sim.









A força das águas torceu peças metálicas em volta de sinais de trânsito e deixou arranjos exquisitos dos detritos.








UM QUARTEIRÃO MAIS ACCIMA

Lembra-se da foto no primeiro artigo acerca do temporal?





O mesmo local esta tarde:




A parede de frente da casa desapareceu com a força das águas vindo da montanha atrás:




O caminho da destruição:



Começando em cima, lembra-se deste carro no artigo anterior?




É este o mesmo carro, visto do outro lado, numa ampliação da parte central superior da foto em cima:




No centro desta foto, pode ver-se o telhado da segunda casa, que foi destruído quando a água veio para baixo e empurrou tudo à sua frente. Mais em baixo, a casa que ficou sem a parede da frente. À esquerda da casa, vêem-se homens em fatos côr de laranja.




Nesta foto, dá para ver claramente que estão a andar em cima de um carro que ficou entalado entre as duas casas...a roda do carro é bem visível:



Depois compreendi que estavam a tentar tirar um corpo do carro. Um grupo de homens atrás, no muro mais alto, puxou numa corda e arrancou o cadáver do carro, e o trouxe através da casa, deitou-o no terraço, e o cobriu com um lençol.



Depois, um dos homens saiu e voltou com uma garrafa de água limpa; deram-lhe a carteira lamacenta que tinham tirado do corpo, e abrindo a carteira, retirou documentos e lavou-os para que a polícia ao seu lado pudesse comunicar ao central a identidade de mais uma vítima.




Antes de abandonar a minha posição, reparei que ao lado direito daquela mesma casa, houve outro carro enfiado entre as casas, e que o portão no fundo das escadas tinha evitado mais detritos de entrar na via pública.



Não fiquei para ver se havia um corpo a ser retirado daquele carro.

Agora, em casa, enquanto escrevo estas palavras, ouço o vento soprar e sinto a chuva bater contra as janelas do meu escritório. Ainda bem que a chuva cai levemente.

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