Hoje não há fotos, pois nem saímos de casa. Durante quase o dia todo ficámos sem TV, devido a um corte no cabo que sai para a zona leste da ilha. Já à noite voltámos a ter televisão, depois de seguir as notícias ao longo do dia pela rádio.
O que sabemos hoje vem das colegas que se dirigiram ao consulado para verificar as mensagens no telefone.
Informação geral: Esta noite, a contagem continua com 42 mortos, mas os desaparecidos aumentaram de 4 para 32. Estima-se em 400 o número de pessoas sem casa.
Informações de testemunhas oculares:
1) Ana e Trudy não conseguiram chegar até ao centro de carro. Tiveram que andar as últimas 8 quarteirões para o escritório. Lama em todos os lados. A Avenida do Mar é Avenida de Lama. Até tiveram alguma dificuldade abandonar a cidade, pois há ruas onde nem a pé pode circular-se, em especial nas ruas pertas das ribeiras, pois existe grande perigo de colapso.
2) José Carlos foi até o seu escritório, mas o autocarro o deixou em cima, perto do Casino. Ainda são 15 minutos ou mais para o centro. A operações de limpeza já começaram--o presidente da câmara disse que quer limpar tudo dentro de uma semana. Isso, veremos. José Carlos diz que é impossível andar em algumas ruas devido às pedras.
3) O Centro Comercial Anadia foi completamente destruído pela água, que entrou de um lado e saiu pelo outro. Os dois níveis de estacionamento subterraneo foram completamente inundados, e até agora nehuma vítima foi encontrado nos carros no piso -1. Parece que ainda falta piso -2-
4) A Dolce Vita, o novo centro comercal, está encerrado também. Neste há 3 níveis de estacionamento abaixo do nível do chão, todos cheios de água. O piso mais baixo do centro comercial, onde há a zona de restauração e um supermercado, ficou com 2 metros de água. Ainda não tiraram a água dos parques, mas a administração garante que todas as pessoas foram evacuadas do centro a tempo.
Débora, membro da nossa igreja, estava a trabalhar lá na altura da inundação. O marido, Gil, tinha colocado o carro no estacionamento, mas ao perceber-se da água a entrar no centro, chegou a tirar o carro com poucos minutos de folga.
Pensávamos em ir ao estudo bíblico esta noite no outro lado da cidade. No fim julgámos mais prudente ficar em casa.
Mais números:
O Diário de Notícias do Funchal hoje deu uma estimativa da quantidade de materia que tem de ser removida dos leitos das três ribeiras que desaguam na baía do Funchal. Estima-se que serão precisas 13,000 viagems de caminhões para levar embora as pedras; o volume é de 200.000 m3, ou seja qualquer coisa como cobrir um campo de futebol em pedras até uma altura de 40 metros ou mais. Um grande problema: onde pôr?
Decisão confirmada:
Tudo no centro está encerrado: repartições governamentais, bancos, lojas, restaurantes. E nós também por um tempo indefinido. As minhas colegas e eu trabalharemos "em conjunto separados", cada um na sua casa. Conforme necessário e/ou aconselhável, um de nós irá ao escritório buscar material ou informações e verificar que está tudo em ordem. A deslocação ao centro está muito complicada, quase proibida pelas autoridades, enquanto não limparem o centro.
Entretanto, chamadas e e-mails continuam a chegar de todos os lados de Portugal continental, a Europa, e os EUA, muitos oferecendo ajuda. Desde já oramos que Deus nos dê sabedoria no uso de todo e qualquer apoio que chegar para nós para ser distribuído; de acordo com Tiago 1:5, temos que crer que Deus nos dará a sabedoria que buscamos.
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