São cerca de 8 horas da noite, e estamos em casa desde meio-dia, mais ou menos. Os efeitos secundários da nossa viagem nocturna estão a surgir agora, e mal consigo manter os olhos abertos. Na sala, Abbie está a tocar o piano---Estão recordados? Estar longe do piano foi a sua preocupação principal quando pensava em passar 6 semanas nos EUA---enquanto eu faço um esforço tremendo para ficar acordado mais algum tempo.
A viagem de Arkansas até Newark, e de lá para Lisboa e Madeira passou-se sem problemas (sem demoras, sem perda de ligações ou malas), mas não faltou um susto e outro em terra. Na vespera da viagem, lá pelas 22h00, liguei a Continental para confirmar as reservas para o primeiro voo de Arkansas às 10H30 do dia seguinte. Tudo bem...para Abbie: tudo confirmado até ao destino final. Quanto a mim, o nome e reserva não constavam no sistema! Durante quase 30 minutos, e enquanto não falámos com o 3º funcionário da Continental, surgiu-nos a hipótese de Abbie regressar sozinha, algo que nem ela, nem eu, encarávamos de bom grado. Finalmente, foi descoberta a minha reserva, e pelo menos até Newark eu tinha um lugar garantido. Fomos aconselhados a contactar a TAP para verificar a situação nos outros voos.
Experimentámos telefonar para TAP em Newark, mas a essa hora (quase meia-noite) os serviços da TAP já se encontravam encerrados. Só ouvimos mensagens gravadas. A única outra solução era ligar aos serviços da TAP em Lisboa, que só abrem às 8h00. Como estávamos em CST (GMT -6h), teríamos de esperar até às 2h00 para ligar. Joy e eu fomos dormir com despertadores ligados...conseguimos pouco mais de 1 hora de descanço antes de levantar às 2h00 e ligar para Lisboa e falar com uma pessoa de carne e sangue, que informou que estava tudo OK até à Madeira. Pude então deitar-me com a mente mais descansada, mas as poucas horas da noite que restavam antes de levantarmo-nos e seguir para o aeroporto não providenciaram muito descanço.
Foi em Newark que mais uma vez enfrentámos a confusão. A funcionária da TAP conseguiu colocar-nos em lugares juntos, o que de início não era o caso, mas depois de 15 minutos informou-nos que não podia nos dar o cartão de embarque de Lisboa para a Madeira "porque as malas só estavam encaminhadas para Lisboa!" Seria necessário levantar a bagagem, passar pela alfândega, e fazer um novo check-in em Lisboa. Eu tinha verificado junto do funcionário de Continental que as malas iriam seguir até ao destino final. E agora? Depois lembrei-me de mostrar as etiquetas comprovantes das malas que mostraram Madeira como o destino final. Corrigiram os dados no sistema, e deram-nos cartão de embarque para Madeira também. Eu já estava a prever a situação em Lisboa: procurar malas que nunca iam aparecer, porque seguiriam para Funchal, e depois tentar resolver o problema de bagagem "perdida" ao fazer o novo check-in em Lisboa. Afinal, tudo se compôs e chegámos em cima da hora prevista.
Reflectindo sobre as últimas 6 semanas
Família --
É impossível pensar nas semanas desde o Natal sem recordar experiências de família de um tipo ou outro: o Natal na companhia dos filhos e netos; Abbie e sua irmã a passar 10 dias em casa dos seus pais; 2 casamentos; inúmeras outras ocasiões. Eu com meu irmão e 2 irmãs...todos juntos...uma raridade durante os últimos 30 anos. Estivemos juntos em Agosto, e agora, de novo, no casamento do meu sobrinho. Além disso, pude rever a prima (a mais baixinha na foto), que tenho visto só uma ou duas vezes em mais de 40 anos.
Ao recordar estes momentos, mais uma vez dei graças a Deus pela família, e que tanto Abbie como eu temos famílias que gostam de estar juntos e se dão tão bem. Pensei naquelas pessoas que não têm este tipo de relacionamento familiar, e senti uma tristeza por essa perda deles.
O Superbowl --
Para aquelas pessoas no resto do mundo que não sabem o que é, o Superbowl é o jogo final do campeonato da liga profissional de futebol (americano, claro)...é o jogo pelo título de campeão...tipo Taça de Portugal. Joga-se num Domingo no final de Janeiro/princípio de Fevereiro, e é quase tão envolvente na cultura americana como Thanksgiving ou Natal. Não é feriado, mas o mês que antecede o jogo é tão cheio de reportagens e programas na TV, e a publicidade que o jogo gera (cada 30 segundos de publicidade na TV durante o jogo custaram 2,6 milhões de dólares às empresas) atraem audiências tão grandes, que igrejas cancelam os cultos de Domingo à tarde ou projectam o jogo na igreja, como programa para atrair famílias ou alcançar novos contactos. Pela primeira vez em mais de 30 anos, estávamos nos EUA no Domingo do Superbowl. É algo semelhante à febre gerada em volta do Mundial de Futebol em volta do mundo cada 4 anos. Torna-se um evento quase-religioso. Mas na verdade, é simplesmente mais um jogo. Pensei nas muitas pessoas que, por vários motivos, reconheciam que tudo isso não passa de mais uma vaidade... "Vaidade de vaidades..."
Meu amigo Mike --
Naquele fim de semana do Superbowl, quando estaríamos a experimentar toda essa emoção do grande jogo, recebemos a notícia que o nosso amigo desde a juventude, nosso querido irmão e colega no Senhor, Mike Rogers, fora informado que os testes confirmaram que ele tem linfoma não-Hodgkins folicular. A nossa igreja já está orando, e continuará a orar por ele e Debbie, que visitaram a Madeira uns 7 ou 8 anos atrás. Esta foto foi tirada há 2 anos, num dia de inverno no estado de Wyoming, onde moram.
Ao receber este tipo de notícia, como se muda a nossa perspectiva sobre a importância relativa de coisas e acontecimentos desta vida? Será que o resultado do jogo do Superbowl (ou qualquer outro desporto) realmente tem importância à luz da eternidade? Eu sei que Mike seria o último a dizer que este mundo que Deus criou não deve ser apreciado e gozado. Muitas vezes ele me enviou fotos de flores e outras cenas da natureza que tocaram a sua sensibilidade pela beleza da criação. Já inclui no blog uma foto que ele tirou, que pode ver aqui. Mike sempre pensou que todos os aspectos da vida podem e devem ser gozados debaixo da graça de Deus, até as corridas automóveis NASCAR. Concordo com ele, embora, para ser franco, as corridas NASCAR (ou semelhantes) não me atraem. O mundo em nossa volta está cheio de maravilhas e experiências que Deus quer que nós gozemos; são as notícias como estas sobre a doença de Mike que nos ajudam a manter essas experiências numa perspectiva sã.
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