quarta-feira, dezembro 20, 2006

Marcos no caminho

40-40-90-30-60
Não é com esses números que consegue ter acesso ao meu cofre (não tenho cofre), nem são medidas corporais (altura, peso, ou "circunferência"). Antes, representam comemorações significantes deste ano de 2006:

40 anos de pastor consagrado (Abril 1966)
40 anos de casamento (Agosto 1966)
90 anos de vida para minha mãe (Agosto 1916)
30 anos na Madeira (chegámos aqui no dia 3 de Dezembro de 1976)
60 anos na terra (eu cheguei ao mundo em 8 de Dezembro de 1946)


Eu me lembrei dos marcos que eram tão comuns aqui anos atrás. Nos meados do século XX, a estrada foi concluída que dava a volta à ilha seguindo mais ou menos a linha da costa. Em muitos lugares, a estrada foi literalmente "gravada" na face das escarpas. A Ilha da Madeira mede aproximadamente 55 km por 20 km, mas a estrada "costeira" em muitos lugares teve de fazer grandes desvios para o interior para contornar os vales profundos, e a volta acabou tendo um cumprimento de 200 km. Começando no Funchal, e indo no sentido contrário aos ponteiros de relógio, marcos na Estrada Nacional 1 (practicamente estrada nactional única, em verdade, durante anos) informaram o viajante qual a distância já percorrida, e portanto, quantos quilómetros faltavam para completar os 200 km no Funchal. Além de informar qual a estrada (E.N. 1) em que estava, os marcos mostraram os próximos sítios e a distância em décimos de quilómetro.






Kilometer 15, a leste do Funchal;
1.6 quilómetros até Santa Cruz.

Hoje, no nosso lado da ilha, estes marcos primitivos são muito raros: a antiga estrada estreita, calcetada em pedra foi alargada e alcatroada; os muros de protecção foram substituídos. Muita parte da estrada antiga desapareceu com a construção da via rápida, e as secções que ainda existem são abandonadas ou pouco utilizadas. Porventura, é nestes lugares, que se possa ainda encontrar um marco ou outro, e alguns destes por baixo da vegetação que cresce sem controlo, outro sinal do abandono destes trechos de estrada.





Também raras são as pequenas pedras que marcaram os décimos de quilometro, como aqui no Km 11,7








40-40-90-30-60: Para nós, 2006 foi cheio de marcos. Mas os marcos na estrada somente indicam onde estamos, quanta distância andámos; não dizem nada acerca de como chegámos até lá, se com excesso de velocidade, ou se houve um pneu com furo, ou se errámos no caminho e foi preciso voltar para trás para entrar novamente no rumo certo, ou se caminhámos a pé ou andámos de bicicleta. Na vida, o mais importante é COMO caminhamos de um marco até ao outro. Ao prestarmos contas a Deus no Dia de Juízo, não será o número de marcos que alcançámos, mas se chegámos lá de uma forma que agradou a Deus.

Convém realçar uma diferença importante: o marco na estrada também pode servir para nos dizer a distância até ao nosso destino, mas o calendário somente me diz que o ano de 2006 vai acabar em menos de duas semanas. Não me diz até onde vou chegar no ano de 2007 e além, ou quanto tempo me resta antes de chegar ao destino final. Cada dia representa um destino intermediário; que possamos viajar de maneira que ao fim de cada dia tenhamos agradado a Deus.

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