Estas músicas parecem muito adequadas ao estado do tempo...as chuvas já começaram e o vento aumentou. Durante a noite os ventos podem atingir 130 a 140 km por hora na serra. E se a chuva não deve ser nada como no Sábado passado, um dos principais envolvidos nas operações humanitárias estava no meu escritório hoje e disse que agora, não precisa de muita chuva para fazer grande estrago.
Há pessoas tão nervosas, que uma gota de água na cabeça já os põe em pânico e neste ambiente boatos nascem num instante e espalham-se em dois. Procuramos ser prudentes, para não sermos temerários; procuramos ser prudentes para não parecer tolos.
(Sábado... O vento soprou forte durante a noite, mas eu não ouvi nada. Estava tão cansado. Danos mínimos esta vez: uma árvore caiu em cima de um automóvel--ninguém ferido--e uma pequena derrocada.)
Notícias da Igreja Baptista do Funchal e informações sobre o trabalho do evangelho na Ilha da Madeira
sexta-feira, fevereiro 26, 2010
quinta-feira, fevereiro 25, 2010
Voltando ao nOrMaL
Quando avisei a Embaixada que estaríamos no escritório hoje pela primeira vez desde o temporal, meu supervisor escreveu que estava "contente em saber que as coisas estão voltando ao normal."
Nalguns sentidos era normal: estávamos no nosso escritório, a avenida e praça em frente da Sé estavam limpinhas. Porém havia muita coisa anormal. Consegui estacionar no meu espaço reservado no centro, mas tinha de passar por 5 ou 6 pontos de controlo e mostrar o meu crachá da Embaixada. A rua na nossa porta brilhava, era tão limpa, mas a Avenida do Mar do outro lado do prédio ainda estava fechada ao público. Uma equipa de jovens trabalhava para limpar McDonald's em baixo de nós, mas utilizava a sua porta de emergência que dá para a nossa rua limpinha, em vez da sua porta de entrada na Avenida, que ainda está longe de ser limpinha.
Normal? Os correios estavam abertos, e os bancos. Quase todos os cafés e restaurantes e um bom número de lojas. "...voltando ao normal...," disse o homem. Ainda falta qualquer coisa. Será que alguma vez veremos a normalidade?
A questão foi levantada depois de 11 de Setembro de 2001, e já voltámos ao normal: é normal separar e limitar os líquidos quando voamos, ou tirar os sapatos, ou ser sujeitos ao exame mais "íntimo" das seguranças em caso de dúvida. Vem aí o raios-X corporal. Normal...agora. Mas o que quer dizer, normal?
Talvez "normal" simplesmente quer dizer o que estamos acostumados a ver e esperamos experimentar.
De certa forma, vemos a morte como "normal"...toda a gente morre, mais cedo ou mais tarde. Biblicamente, porém, a morte não é a normalidade que Deus quis no início. O Seu plano de redenção tem como propósito fazer-nos regressar ao estado original de normalidade: comunhão íntima, contínua e eterna com Ele...sem morte.
Nas nossas vidas pessoais, podemos até aceitar o pecado como "normal"...toda a gente faz. Biblicamente, o pecado só é normal porque somos criaturas que caíram do estado original "normal" de perfeição. Mas nós aceitamos o pecado e a morte como normal.
No mundo de hoje, chegámos a uma situação de normalidade depois de 11 de Setembro, mas não é o "normal" de pré-11 de Setembro. No Funchal, na Madeira, voltaremos ao normal. Mas não será o que era normal na 6ª-feira passada. Voltaremos ao nOrmAl, ou NorMaL, ou NOrMal, e seja qual desses for, em tempo se tornará normal.
Nalguns sentidos era normal: estávamos no nosso escritório, a avenida e praça em frente da Sé estavam limpinhas. Porém havia muita coisa anormal. Consegui estacionar no meu espaço reservado no centro, mas tinha de passar por 5 ou 6 pontos de controlo e mostrar o meu crachá da Embaixada. A rua na nossa porta brilhava, era tão limpa, mas a Avenida do Mar do outro lado do prédio ainda estava fechada ao público. Uma equipa de jovens trabalhava para limpar McDonald's em baixo de nós, mas utilizava a sua porta de emergência que dá para a nossa rua limpinha, em vez da sua porta de entrada na Avenida, que ainda está longe de ser limpinha.
Normal? Os correios estavam abertos, e os bancos. Quase todos os cafés e restaurantes e um bom número de lojas. "...voltando ao normal...," disse o homem. Ainda falta qualquer coisa. Será que alguma vez veremos a normalidade?
A questão foi levantada depois de 11 de Setembro de 2001, e já voltámos ao normal: é normal separar e limitar os líquidos quando voamos, ou tirar os sapatos, ou ser sujeitos ao exame mais "íntimo" das seguranças em caso de dúvida. Vem aí o raios-X corporal. Normal...agora. Mas o que quer dizer, normal?
Talvez "normal" simplesmente quer dizer o que estamos acostumados a ver e esperamos experimentar.
De certa forma, vemos a morte como "normal"...toda a gente morre, mais cedo ou mais tarde. Biblicamente, porém, a morte não é a normalidade que Deus quis no início. O Seu plano de redenção tem como propósito fazer-nos regressar ao estado original de normalidade: comunhão íntima, contínua e eterna com Ele...sem morte.
Nas nossas vidas pessoais, podemos até aceitar o pecado como "normal"...toda a gente faz. Biblicamente, o pecado só é normal porque somos criaturas que caíram do estado original "normal" de perfeição. Mas nós aceitamos o pecado e a morte como normal.
No mundo de hoje, chegámos a uma situação de normalidade depois de 11 de Setembro, mas não é o "normal" de pré-11 de Setembro. No Funchal, na Madeira, voltaremos ao normal. Mas não será o que era normal na 6ª-feira passada. Voltaremos ao nOrmAl, ou NorMaL, ou NOrMal, e seja qual desses for, em tempo se tornará normal.
quarta-feira, fevereiro 24, 2010
Conta Bancária para Apoio a Vítimas do Temporal
Como disse na mensagem anterior, não estamos a fazer uma campanha de angariação de fundos para ajudar os que foram afectados pelo temporal. Acontece, porém, que várias pessoas já deixaram dinheiro ou indicaram o seu desejo de enviar dinheiro, e preparámos uma conta bancária que será utilizada especifica e unicamente para esta finalidade. A igreja está ciente da sua responsabilidade de utilizar estes fundos com discernimento para a glória do Senhor Jesus, ajudando da maneira mais adequada possível.
Títular da conta: Igreja Baptista do Funchal
Para transferências nacionais,
NIB: 0007 0000 00701673266 23
Transferências internacionais:
IBAN: PT50 0007 0000 0070 1673 2662 3
SWIFT/BIC: BESCPTPL
Títular da conta: Igreja Baptista do Funchal
Para transferências nacionais,
NIB: 0007 0000 00701673266 23
Transferências internacionais:
IBAN: PT50 0007 0000 0070 1673 2662 3
SWIFT/BIC: BESCPTPL
terça-feira, fevereiro 23, 2010
Agora vem a parte difícil
O número de mortos está estacionário, no momento, mas ninguém há de ficar surpreso quando subir. Os que ficaram sem casa são centenas, e os que ainda têm casa mas perderam o recheio nas águas lamacentas são múltiplas centenas. Para estes que ficaram tão directamente afectados pelo temporal de Sábado, talvez o pior já esteja no passado, pelo menos em termos de medo e pânico. Talvez para muitos, o que vem pela frente seja tão mal de outra maneira: medo e desespero.
Para centenas de milhares como nós (a população da ilha é cerca de 260.000), as consequências do temporal poderão ter sido pouco mais do que limpar água de chuva que pingou por uma telha partida ou que foi empurrada pelo vento debaixo da porta. De resto, não havia nada a fazer, senão sentar-se e aguardar. Para nós, vem a parte difícil, levantar-nos e trabalhar.
O temporal durou horas, esta fase durará meses. O centro do Funchal ainda está reservado às equipas que limpam ruas, ribeiras, e as lojas. Os serviços consulares estão a ser resolvidos a partir de casa, e o trabalho segue.
Já 2ª-feira de manhã, tínhamos uma lista de cidadãos americanos cuja família ou um amigo estava preocupado pela falta de notícias. Contactaram o Departamento do Estado em Washington ou a Embaixada em Lisboa e era a nossa tarefa descobrir se estavam na ilha e se estavam bem. Alguns casos foram facilmente resolvidos; o caso dos últimos dois "perdidos" na lista foi mais complicado. Só hoje à tarde recebemos confirmação do seu paradeiro e que estavam bem, mas eu já tinha passado no morgue na parte de manhã para certificar se o cadáver não identificado mencionado no jornal era uma destas pessoas. Graças a Deus, não foi. (Esclarecimento: Não tive de ver o corpo; até eu chegar lá, já tinha sido identificado. Graças a Deus.)
A Parte Difícil--para mim
Independentemente da ajuda oficial dos EUA, que vem por vias governamentais, e que pedem que eu ajude direccionar aos recipientes que estejam dentro dos parâmetros das ajudas específicas, há a outra questão relacionada com o dinheiro que indivíduos têm oferecido à igreja para ser distribuído em nome da igreja. Perante estas donativas prometidas, nós como igreja, estamos cientes da nossa responsabilidade para utilizar tais dinheiros sabiamente, para a glória de Deus. Contabilidade rigorosa na sua recepção; discernimento sábio na sua distribuição. Procedimento honesto perante Deus e os homens.
Fundos de Ajuda Humanitária
Pedi o tesoureiro da igreja a falar com o banco para ver qual será a maneira mais adequada de lidar com os fundos que pessoas querem dar. Não estamos a fazer um apelo para fundos. Mas se sentir o desejo de dar, faremos tudo para que seja usado para ajudar os necessitados e lhes demonstrar o amor de Deus que é derramado nos nossos corações.
Logo que tenha os pormenores sobre a melhor maneira para enviar o dinheiro, darei as informações necessárias.
E mais uma coisa... Obrigado a todos que enviaram um e-mail e esperaram pacientemente um ou dois dias para eu responder. Creio que respondi a todos pessoalmente esta noite.
Para centenas de milhares como nós (a população da ilha é cerca de 260.000), as consequências do temporal poderão ter sido pouco mais do que limpar água de chuva que pingou por uma telha partida ou que foi empurrada pelo vento debaixo da porta. De resto, não havia nada a fazer, senão sentar-se e aguardar. Para nós, vem a parte difícil, levantar-nos e trabalhar.
O temporal durou horas, esta fase durará meses. O centro do Funchal ainda está reservado às equipas que limpam ruas, ribeiras, e as lojas. Os serviços consulares estão a ser resolvidos a partir de casa, e o trabalho segue.
Já 2ª-feira de manhã, tínhamos uma lista de cidadãos americanos cuja família ou um amigo estava preocupado pela falta de notícias. Contactaram o Departamento do Estado em Washington ou a Embaixada em Lisboa e era a nossa tarefa descobrir se estavam na ilha e se estavam bem. Alguns casos foram facilmente resolvidos; o caso dos últimos dois "perdidos" na lista foi mais complicado. Só hoje à tarde recebemos confirmação do seu paradeiro e que estavam bem, mas eu já tinha passado no morgue na parte de manhã para certificar se o cadáver não identificado mencionado no jornal era uma destas pessoas. Graças a Deus, não foi. (Esclarecimento: Não tive de ver o corpo; até eu chegar lá, já tinha sido identificado. Graças a Deus.)
A Parte Difícil--para mim
Independentemente da ajuda oficial dos EUA, que vem por vias governamentais, e que pedem que eu ajude direccionar aos recipientes que estejam dentro dos parâmetros das ajudas específicas, há a outra questão relacionada com o dinheiro que indivíduos têm oferecido à igreja para ser distribuído em nome da igreja. Perante estas donativas prometidas, nós como igreja, estamos cientes da nossa responsabilidade para utilizar tais dinheiros sabiamente, para a glória de Deus. Contabilidade rigorosa na sua recepção; discernimento sábio na sua distribuição. Procedimento honesto perante Deus e os homens.
Fundos de Ajuda Humanitária
Pedi o tesoureiro da igreja a falar com o banco para ver qual será a maneira mais adequada de lidar com os fundos que pessoas querem dar. Não estamos a fazer um apelo para fundos. Mas se sentir o desejo de dar, faremos tudo para que seja usado para ajudar os necessitados e lhes demonstrar o amor de Deus que é derramado nos nossos corações.
Logo que tenha os pormenores sobre a melhor maneira para enviar o dinheiro, darei as informações necessárias.
E mais uma coisa... Obrigado a todos que enviaram um e-mail e esperaram pacientemente um ou dois dias para eu responder. Creio que respondi a todos pessoalmente esta noite.
Sem fotos
Hoje não há fotos, pois nem saímos de casa. Durante quase o dia todo ficámos sem TV, devido a um corte no cabo que sai para a zona leste da ilha. Já à noite voltámos a ter televisão, depois de seguir as notícias ao longo do dia pela rádio.
O que sabemos hoje vem das colegas que se dirigiram ao consulado para verificar as mensagens no telefone.
Informação geral: Esta noite, a contagem continua com 42 mortos, mas os desaparecidos aumentaram de 4 para 32. Estima-se em 400 o número de pessoas sem casa.
Informações de testemunhas oculares:
1) Ana e Trudy não conseguiram chegar até ao centro de carro. Tiveram que andar as últimas 8 quarteirões para o escritório. Lama em todos os lados. A Avenida do Mar é Avenida de Lama. Até tiveram alguma dificuldade abandonar a cidade, pois há ruas onde nem a pé pode circular-se, em especial nas ruas pertas das ribeiras, pois existe grande perigo de colapso.
2) José Carlos foi até o seu escritório, mas o autocarro o deixou em cima, perto do Casino. Ainda são 15 minutos ou mais para o centro. A operações de limpeza já começaram--o presidente da câmara disse que quer limpar tudo dentro de uma semana. Isso, veremos. José Carlos diz que é impossível andar em algumas ruas devido às pedras.
3) O Centro Comercial Anadia foi completamente destruído pela água, que entrou de um lado e saiu pelo outro. Os dois níveis de estacionamento subterraneo foram completamente inundados, e até agora nehuma vítima foi encontrado nos carros no piso -1. Parece que ainda falta piso -2-
4) A Dolce Vita, o novo centro comercal, está encerrado também. Neste há 3 níveis de estacionamento abaixo do nível do chão, todos cheios de água. O piso mais baixo do centro comercial, onde há a zona de restauração e um supermercado, ficou com 2 metros de água. Ainda não tiraram a água dos parques, mas a administração garante que todas as pessoas foram evacuadas do centro a tempo.
Débora, membro da nossa igreja, estava a trabalhar lá na altura da inundação. O marido, Gil, tinha colocado o carro no estacionamento, mas ao perceber-se da água a entrar no centro, chegou a tirar o carro com poucos minutos de folga.
Pensávamos em ir ao estudo bíblico esta noite no outro lado da cidade. No fim julgámos mais prudente ficar em casa.
Mais números:
O Diário de Notícias do Funchal hoje deu uma estimativa da quantidade de materia que tem de ser removida dos leitos das três ribeiras que desaguam na baía do Funchal. Estima-se que serão precisas 13,000 viagems de caminhões para levar embora as pedras; o volume é de 200.000 m3, ou seja qualquer coisa como cobrir um campo de futebol em pedras até uma altura de 40 metros ou mais. Um grande problema: onde pôr?
Decisão confirmada:
Tudo no centro está encerrado: repartições governamentais, bancos, lojas, restaurantes. E nós também por um tempo indefinido. As minhas colegas e eu trabalharemos "em conjunto separados", cada um na sua casa. Conforme necessário e/ou aconselhável, um de nós irá ao escritório buscar material ou informações e verificar que está tudo em ordem. A deslocação ao centro está muito complicada, quase proibida pelas autoridades, enquanto não limparem o centro.
Entretanto, chamadas e e-mails continuam a chegar de todos os lados de Portugal continental, a Europa, e os EUA, muitos oferecendo ajuda. Desde já oramos que Deus nos dê sabedoria no uso de todo e qualquer apoio que chegar para nós para ser distribuído; de acordo com Tiago 1:5, temos que crer que Deus nos dará a sabedoria que buscamos.
O que sabemos hoje vem das colegas que se dirigiram ao consulado para verificar as mensagens no telefone.
Informação geral: Esta noite, a contagem continua com 42 mortos, mas os desaparecidos aumentaram de 4 para 32. Estima-se em 400 o número de pessoas sem casa.
Informações de testemunhas oculares:
1) Ana e Trudy não conseguiram chegar até ao centro de carro. Tiveram que andar as últimas 8 quarteirões para o escritório. Lama em todos os lados. A Avenida do Mar é Avenida de Lama. Até tiveram alguma dificuldade abandonar a cidade, pois há ruas onde nem a pé pode circular-se, em especial nas ruas pertas das ribeiras, pois existe grande perigo de colapso.
2) José Carlos foi até o seu escritório, mas o autocarro o deixou em cima, perto do Casino. Ainda são 15 minutos ou mais para o centro. A operações de limpeza já começaram--o presidente da câmara disse que quer limpar tudo dentro de uma semana. Isso, veremos. José Carlos diz que é impossível andar em algumas ruas devido às pedras.
3) O Centro Comercial Anadia foi completamente destruído pela água, que entrou de um lado e saiu pelo outro. Os dois níveis de estacionamento subterraneo foram completamente inundados, e até agora nehuma vítima foi encontrado nos carros no piso -1. Parece que ainda falta piso -2-
4) A Dolce Vita, o novo centro comercal, está encerrado também. Neste há 3 níveis de estacionamento abaixo do nível do chão, todos cheios de água. O piso mais baixo do centro comercial, onde há a zona de restauração e um supermercado, ficou com 2 metros de água. Ainda não tiraram a água dos parques, mas a administração garante que todas as pessoas foram evacuadas do centro a tempo.
Débora, membro da nossa igreja, estava a trabalhar lá na altura da inundação. O marido, Gil, tinha colocado o carro no estacionamento, mas ao perceber-se da água a entrar no centro, chegou a tirar o carro com poucos minutos de folga.
Pensávamos em ir ao estudo bíblico esta noite no outro lado da cidade. No fim julgámos mais prudente ficar em casa.
Mais números:
O Diário de Notícias do Funchal hoje deu uma estimativa da quantidade de materia que tem de ser removida dos leitos das três ribeiras que desaguam na baía do Funchal. Estima-se que serão precisas 13,000 viagems de caminhões para levar embora as pedras; o volume é de 200.000 m3, ou seja qualquer coisa como cobrir um campo de futebol em pedras até uma altura de 40 metros ou mais. Um grande problema: onde pôr?
Decisão confirmada:
Tudo no centro está encerrado: repartições governamentais, bancos, lojas, restaurantes. E nós também por um tempo indefinido. As minhas colegas e eu trabalharemos "em conjunto separados", cada um na sua casa. Conforme necessário e/ou aconselhável, um de nós irá ao escritório buscar material ou informações e verificar que está tudo em ordem. A deslocação ao centro está muito complicada, quase proibida pelas autoridades, enquanto não limparem o centro.
Entretanto, chamadas e e-mails continuam a chegar de todos os lados de Portugal continental, a Europa, e os EUA, muitos oferecendo ajuda. Desde já oramos que Deus nos dê sabedoria no uso de todo e qualquer apoio que chegar para nós para ser distribuído; de acordo com Tiago 1:5, temos que crer que Deus nos dará a sabedoria que buscamos.
domingo, fevereiro 21, 2010
Situação actual--Domingo à noite
No primeiro lugar, a nossa gratidão a Deus por todos que têm enviado e-mails e telefonado de muitos lugares da Europa, o Reino Unido, os EUA, e Portugal continental. Muito do que se vê no YouTube faz parte daquilo que vemos na televisão. Ainda não fomos ao centro do Funchal pessoalmente, visto que as autoridades estão a pedir as pessoas a evitar o centro. As cenas mostradas das ruas explicam porquê. Muitas das ruas são irreconhecíveis, cheias de entulho ou enterradas em lama. Uma das ruas principais está cheia de pedras do calhau de um lado da rua até à outra, até à altura dos tejadilhos dos carros...uma camada de pedras bem mais de um metro em profundidade.
Pastor Moiséis filmou a ribeira ao lado da Rua 31 de Janeiro do terraço do seu apartamento e comentou a cena. Pode ver o vídeo aqui.
Conseguimos chegar à igreja dando uma grande volta, que passou por este local. A saída da via rápida para a nossa igreja, que fica na zona da Pena, ainda não está aberta, pois estão a limpar a rua dos muitos carros que foram espalhados ao longo da sua descida. Tivemos cerca de 50% de assistência nos cultos hoje, e estamos gratos por cada um que conseguiu chegar. Confirmámos que não houve feridos entre os membros da igreja, e os danos materiais limitaram-se a dois carros que ficaram inundados com águas lamacentas, mas não foram arrastados pelas águas. A irmã Fernanda teve vários centímetros de água em toda a sua casa, e terá de substituir o pavimento flutuante que não resiste bem à água.
Os nossos irmãos na Assembleia de Deus não foram tão afortunados. Pastor César ligou para dizer que uma irmã da igreja foi arrastada pelas águas e o marido não conseguiu agarrá-la.
Hoje à noite, o número de mortos é oficialmente 42. Amanhã ao meio dia vão actualizar a informação.
Aqui estão as últimas fotos que tirei esta tarde na zona da igreja.
CENAS DA RUA
Clique nas fotos para ampliar.
Quando passámos por este cruzamento indo à igreja, havia um tronco gross que atravessava metade da via. Quando voltámos a pé depois do culto, o tronco já não estava lá, mas as pedras, sim.
A força das águas torceu peças metálicas em volta de sinais de trânsito e deixou arranjos exquisitos dos detritos.
UM QUARTEIRÃO MAIS ACCIMA
Lembra-se da foto no primeiro artigo acerca do temporal?
O mesmo local esta tarde:
A parede de frente da casa desapareceu com a força das águas vindo da montanha atrás:
O caminho da destruição:
Começando em cima, lembra-se deste carro no artigo anterior?
É este o mesmo carro, visto do outro lado, numa ampliação da parte central superior da foto em cima:
No centro desta foto, pode ver-se o telhado da segunda casa, que foi destruído quando a água veio para baixo e empurrou tudo à sua frente. Mais em baixo, a casa que ficou sem a parede da frente. À esquerda da casa, vêem-se homens em fatos côr de laranja.
Nesta foto, dá para ver claramente que estão a andar em cima de um carro que ficou entalado entre as duas casas...a roda do carro é bem visível:
Depois compreendi que estavam a tentar tirar um corpo do carro. Um grupo de homens atrás, no muro mais alto, puxou numa corda e arrancou o cadáver do carro, e o trouxe através da casa, deitou-o no terraço, e o cobriu com um lençol.
Depois, um dos homens saiu e voltou com uma garrafa de água limpa; deram-lhe a carteira lamacenta que tinham tirado do corpo, e abrindo a carteira, retirou documentos e lavou-os para que a polícia ao seu lado pudesse comunicar ao central a identidade de mais uma vítima.
Antes de abandonar a minha posição, reparei que ao lado direito daquela mesma casa, houve outro carro enfiado entre as casas, e que o portão no fundo das escadas tinha evitado mais detritos de entrar na via pública.
Não fiquei para ver se havia um corpo a ser retirado daquele carro.
Agora, em casa, enquanto escrevo estas palavras, ouço o vento soprar e sinto a chuva bater contra as janelas do meu escritório. Ainda bem que a chuva cai levemente.
Pastor Moiséis filmou a ribeira ao lado da Rua 31 de Janeiro do terraço do seu apartamento e comentou a cena. Pode ver o vídeo aqui.
Conseguimos chegar à igreja dando uma grande volta, que passou por este local. A saída da via rápida para a nossa igreja, que fica na zona da Pena, ainda não está aberta, pois estão a limpar a rua dos muitos carros que foram espalhados ao longo da sua descida. Tivemos cerca de 50% de assistência nos cultos hoje, e estamos gratos por cada um que conseguiu chegar. Confirmámos que não houve feridos entre os membros da igreja, e os danos materiais limitaram-se a dois carros que ficaram inundados com águas lamacentas, mas não foram arrastados pelas águas. A irmã Fernanda teve vários centímetros de água em toda a sua casa, e terá de substituir o pavimento flutuante que não resiste bem à água.
Os nossos irmãos na Assembleia de Deus não foram tão afortunados. Pastor César ligou para dizer que uma irmã da igreja foi arrastada pelas águas e o marido não conseguiu agarrá-la.
Hoje à noite, o número de mortos é oficialmente 42. Amanhã ao meio dia vão actualizar a informação.
Aqui estão as últimas fotos que tirei esta tarde na zona da igreja.
CENAS DA RUA
Clique nas fotos para ampliar.
Quando passámos por este cruzamento indo à igreja, havia um tronco gross que atravessava metade da via. Quando voltámos a pé depois do culto, o tronco já não estava lá, mas as pedras, sim.
A força das águas torceu peças metálicas em volta de sinais de trânsito e deixou arranjos exquisitos dos detritos.
UM QUARTEIRÃO MAIS ACCIMA
Lembra-se da foto no primeiro artigo acerca do temporal?
O mesmo local esta tarde:
A parede de frente da casa desapareceu com a força das águas vindo da montanha atrás:
O caminho da destruição:
Começando em cima, lembra-se deste carro no artigo anterior?
É este o mesmo carro, visto do outro lado, numa ampliação da parte central superior da foto em cima:
No centro desta foto, pode ver-se o telhado da segunda casa, que foi destruído quando a água veio para baixo e empurrou tudo à sua frente. Mais em baixo, a casa que ficou sem a parede da frente. À esquerda da casa, vêem-se homens em fatos côr de laranja.
Nesta foto, dá para ver claramente que estão a andar em cima de um carro que ficou entalado entre as duas casas...a roda do carro é bem visível:
Depois compreendi que estavam a tentar tirar um corpo do carro. Um grupo de homens atrás, no muro mais alto, puxou numa corda e arrancou o cadáver do carro, e o trouxe através da casa, deitou-o no terraço, e o cobriu com um lençol.
Depois, um dos homens saiu e voltou com uma garrafa de água limpa; deram-lhe a carteira lamacenta que tinham tirado do corpo, e abrindo a carteira, retirou documentos e lavou-os para que a polícia ao seu lado pudesse comunicar ao central a identidade de mais uma vítima.
Antes de abandonar a minha posição, reparei que ao lado direito daquela mesma casa, houve outro carro enfiado entre as casas, e que o portão no fundo das escadas tinha evitado mais detritos de entrar na via pública.
Não fiquei para ver se havia um corpo a ser retirado daquele carro.
Agora, em casa, enquanto escrevo estas palavras, ouço o vento soprar e sinto a chuva bater contra as janelas do meu escritório. Ainda bem que a chuva cai levemente.
Mais fotos do Orlando
Mais uma foto
Orlando enviou mais uma foto, esta tirada logo abaixo da junção com a via rápida mostrada no artigo anterior. A água jogou este carro contra a parede e continuou, saindo por fim, por cima do terraço da pizzaria, que está na foto do DN no artigo 32 Mortos.
Fotos tiradas perto da Igreja
A nossa igreja fica a um quarteirão à direito deste cruzamento. Esta rua foi cena de muita destruição.
O problema começou mais em cima, debaixo da via rápida...
...e jogou carros para a junção onde saímos da via rápida e viramos em direcção à igreja.
Alguns carros acabaram no fim da rua em baixo...
e nem carros dos bombeiros foram poupados.
Fotos por Bro. Orlando da Costa, que vive a poucos passos da igreja.
O problema começou mais em cima, debaixo da via rápida...
...e jogou carros para a junção onde saímos da via rápida e viramos em direcção à igreja.
Alguns carros acabaram no fim da rua em baixo...
e nem carros dos bombeiros foram poupados.
Fotos por Bro. Orlando da Costa, que vive a poucos passos da igreja.
sábado, fevereiro 20, 2010
32 Mortos
Esta é o número confirmado neste momento, das vítimas do temporal que começou por volta de 3h00. Durante o curso da manhã, perdemos a electricidade, telefone e internet. Estávamos sem meios de contactar outros ou sermos contactados. A única comunicação que havia era uma rádio portátil com pilhas. Até o servidor do telemóvel perdeu o sinal, e foi só no fim da tarde que começámos a ter notícias dos irmãos.
As notícias dos membros estão a chegar aos poucos, com as linhas telefónicas e circuitos dos telemóveis superlotados, só de vez em quando chega um telefonema, e mais raramente consigo fazer uma chamada.
A nossa igreja está situada numa das áreas mais afectadas. Esta foto aparece no site do Diário de Notícias do Funchal, e foi tirada uns dois quarteirões acima da nossa igreja. Na curva acima deste local, um táxi foi empurrado fora da rua para dentro de uma casa. Na rua abaixo (a jusante, neste caso) uma meia dúzia de carros ficaram empilhados em sucata. Na saída da via rápida que sempre usamos para ir à igreja, três ou quatro carros, mais umas árvores, foram empurrados pelas águas montanha abaixo, e jogados da talude de 10 metros de altura, ficando no meio do cruzamento. Esperamos que até amanhã de manhã a estrada estega aberta, senão, teremos de ir até à outra saída e voltar por outras ruas até à igreja.
Segundo o que se sabe neste momento, não houve danos pessoais ou grandes perdas materiais entre os membros da igreja. Os membros que passaram na igreja hoje disseram que o templo não sofreu nada.
A nossa gratidão a todos que têm ligado ou enviado e-mails do continente ou da Europa, à medida que a notícia é dada nesses países. As suas orações são importantes, não só por nós, mas por esta ilha onde Deus nos colocou para ser uma luz e testemunha da Sua verdade, graça, e salvação.
As notícias dos membros estão a chegar aos poucos, com as linhas telefónicas e circuitos dos telemóveis superlotados, só de vez em quando chega um telefonema, e mais raramente consigo fazer uma chamada.
A nossa igreja está situada numa das áreas mais afectadas. Esta foto aparece no site do Diário de Notícias do Funchal, e foi tirada uns dois quarteirões acima da nossa igreja. Na curva acima deste local, um táxi foi empurrado fora da rua para dentro de uma casa. Na rua abaixo (a jusante, neste caso) uma meia dúzia de carros ficaram empilhados em sucata. Na saída da via rápida que sempre usamos para ir à igreja, três ou quatro carros, mais umas árvores, foram empurrados pelas águas montanha abaixo, e jogados da talude de 10 metros de altura, ficando no meio do cruzamento. Esperamos que até amanhã de manhã a estrada estega aberta, senão, teremos de ir até à outra saída e voltar por outras ruas até à igreja.
Segundo o que se sabe neste momento, não houve danos pessoais ou grandes perdas materiais entre os membros da igreja. Os membros que passaram na igreja hoje disseram que o templo não sofreu nada.
A nossa gratidão a todos que têm ligado ou enviado e-mails do continente ou da Europa, à medida que a notícia é dada nesses países. As suas orações são importantes, não só por nós, mas por esta ilha onde Deus nos colocou para ser uma luz e testemunha da Sua verdade, graça, e salvação.
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