Eu e Abbie fomos dar um passeio uma dessas tardes e na volta, perto de casa, encontrámos a nossa vizinha, D. Ester. O tempo foi passado em actualizar as informações sobre as várias pessoas na vila, e aproveitámos para lhe perguntar acerca da sua cunhada, que mora no outro lado do caminho. Uns dias antes, em casa estávamos a comentar que fazia muito tempo que não se via a D. Giselda, e naquele mesmo dia a tinha visto entrar num carro, mas com andadeira. Vi logo que havia algum problema.
Dona Ester nos informou que a sua cunhada fora mordida na barriga da perna por um dos seus cães há quase dois anos, e ainda não ficou boa. Chegou a ser operada, mas não se cicatriza. Não há febre, e ela não tem diabetes; os médicos estão sem saber o que fazer mais. Mas D. Ester logo deu uma solução: matar o cão. É o que diziam os velhos, ela explica. (Ela tem 86 anos!) Quando falei com uma das irmãs na igreja sobre o caso, antes de poder chegar ao fim da história, a irmã perguntou, "Já mataram o cão?"
Nos trinta anos que vivemos na Madeira, julgava ter ouvido todas as superstições e crenças do povo, mas aparentemente, ainda não. Todos conhecem, ou ouviram falar, de alguém que foi mordido por um cão, e nunca recuperou enquanto o cão vivia. Pessoalmente, não vejo uma conexão lógica entre abater o cão e a cura da perna da vizinha, mas até agora, mais nada valeu.
Claro, o mundo tem um problema em compreender a lógica do evangelho---um judeu é crucificado em Jerusalem há quase 2000 anos, e aquela morte faz a diferença no destino eterno de todo o ser humano, mesmo de nós que vivemos hoje. A resposta simples e curta é que a lógica de Deus não é como a nossa; a fé aceita o que não se consegue explicar, mas nem por isso, o evangelho deixa de ser verdadeiro.
Não vejo uma explicação científica pela lógica do povo em relação às mordidas de cão, no entanto, por princípio, eu acho que, de qualquer maneira, eu teria me livrado de qualquer cão que mordera a minha perna. Não sei como a perna iria reagir, mas o resto do meu corpo se sentiria muito melhor e mais descansado sem ter este tipo de cão por perto.
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